Navegadores com IA prometem automatizar tarefas do dia a dia

Até 2026, especialistas preveem que o mercado será dominado por agentes de IA multimodais – modelos capazes de executar tarefas complexas a partir de comandos do usuário.

Hoje, esses recursos já estão disponíveis em plataformas como o ChatGPT, mas para atingir todo o potencial, os agentes precisam operar diretamente no computador do usuário, não apenas na nuvem, como explica uma análise no Kaspersky.

Uma alternativa prática é o navegador com IA, um navegador comum com integração profunda de inteligência artificial. Assim, o modelo pode ler páginas abertas, processar informações e realizar ações que um usuário faria, como clicar, preencher dados ou baixar arquivos.

Assistentes inteligentes nos navegadores vão realizar ações automáticas, mas especialistas alertam sobre privacidade e vulnerabilidades (Imagem: GamePixel / Shutterstock.com)

O valor estratégico para empresas de tecnologia

Gigantes como Google, Microsoft e OpenAI estão investindo pesado nessa abordagem.

Google e Microsoft integram IA aos navegadores Chrome e Edge; a OpenAI desenvolve seu próprio navegador; a Mozilla adiciona gradualmente recursos ao Firefox.

O interesse é claro: um navegador com IA garante acesso constante a bilhões de usuários, aumenta o engajamento e gera uma enorme quantidade de dados comportamentais, essenciais para treinar novos modelos de IA de forma mais rápida e eficiente.

Além disso, transferir parte do processamento para o dispositivo do usuário reduz custos de servidor e permite contornar bloqueios e paywalls.

Um navegador com IA pode resumir artigos, vídeos e documentos longos ou realizar ações complexas, como compras online, sem exigir que o usuário copie links ou textos.

Também pode acessar conteúdos pagos ou restritos, como periódicos científicos, usando as credenciais do próprio usuário.

Riscos e vulnerabilidades

Os perigos são significativos. A IA teria acesso a todo o tráfego da web, histórico e arquivos do usuário, criando riscos de exposição de dados pessoais, acadêmicos e profissionais. Experimentos demonstraram que agentes de IA podem ser enganados para baixar malware ou realizar compras em sites falsos.

Além disso, a automação pode acessar conteúdos ilegais inadvertidamente ou ser explorada por falhas de segurança nos navegadores, um problema persistente mesmo em softwares bem testados.

Grandes empresas investem em agentes que executam ações diretamente no computador, acelerando tarefas e coleta de dados (Imagem: Anggalih Prasetya/Shutterstock)

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O navegador ideal ainda não existe

Para equilibrar benefícios e segurança, um navegador com IA precisaria permitir: ativar/desativar IA por site; processar informações apenas com autorização do usuário; usar modelos totalmente locais; confirmar antes de inserir dados confidenciais ou realizar compras; e ter restrições de acesso a arquivos no nível do sistema operacional.

Nenhum produto atual oferece todas essas proteções, e mesmo assim, é necessário um sistema externo de segurança para proteger computadores e smartphones.

O avanço dos navegadores com IA promete automatizar tarefas e transformar a navegação, mas traz novos desafios de privacidade e segurança que ainda precisam ser resolvidos antes que a tecnologia se torne segura para uso massivo.

Agentes de IA podem facilitar a vida do usuário, mas acesso a arquivos e histórico aumenta o perigo de ataques e vazamentos (Imagem: GamePixel/Shutterstock)

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