Identificar um problema e dar-lhe um nome pode ajudar a para enfrentá-lo. Esse conceito, chamado Efeito Rumpelstiltskin, permite que você lide melhor com a questão, reduzindo a ansiedade e a sensação de controle.
Na psicologia, ele é aplicado ao método terapêutico para identificar e nomear emoções ou traumas, levando ao início de um processo de cura. Por exemplo, quando alguém descobre a causa exata de um problema de saúde, saber o que está acontecendo costuma trazer alívio imediato.
Sensação de bem-estar ao receber um diagnóstico
Artigo publicado no BJPsych Bulletin explica como o Efeito Rumpelstiltskin funciona e qual seu impacto no tratamento de doenças físicas e mentais. Para os autores, explica matéria no PsyPost, a “comunidade médica tem negligenciado amplamente esse aspecto do diagnóstico como uma intervenção distinta e potencialmente significativa”.
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O conceito se inspira no conto dos Irmãos Grimm. Nele, uma jovem camponesa é forçada pelo rei a transformar palha em ouro, para isso, recebe a ajuda de um homem misterioso em troca de objetos valiosos e, depois, pela entrega de seu filho. Anos depois, ele volta para cobrar o acordo e ela descobre seu nome secreto, Rumpelstiltskin, e consegue enganá-lo, salvando seu filho e quebrando o acordo.
Os autores argumentam que o mesmo princípio se aplica a diagnósticos médicos: nomear um problema pode dar clareza e controle ao paciente, mesmo antes de iniciar o tratamento.
Como o Efeito Rumpelstiltskin funciona
Nomear uma condição, explicam os pesquisadores, “muda a forma como a pessoa vê suas próprias experiências”. Entre os efeitos observados estão:
Fornecer uma lente clínica para reinterpretar experiências confusas ou estigmatizadas.
Resolver uma possível ambiguidade ao organizar os sintomas em uma linha mais coerente.
Criar um senso de conexão ao interligar pacientes que compartilham o diagnóstico.
Evocar efeitos psicológicos semelhantes aos observados em tratamento com placebo, como sensação de alívio, esperança e expectativa de tratamento.
Por exemplo, pacientes com sintomas inexplicáveis passam a confiar mais na recuperação.
Limites do efeito
Segundo o psiquiatra e autor do estudo Dr. Awais Aftab, “o simbólico, o cultural e a narrativa estão entrelaçados na estrutura da medicina”. Parte da melhora do paciente pode vir de dar nome ao problema, não apenas do tratamento.
O diagnóstico médico é uma ferramenta poderosa.
Dr. Awais Aftab, psiquiatra, professor assistente na Case Western Reserve University e autor do estudo, à PsyPost.
No entanto, nem sempre nomear o diagnóstico é benéfico para o paciente. Alguns rótulos podem trazer estigmas, medo ou expectativas negativas. Por isso, Aftab acredita que, quando alguém procura um diagnóstico, é importante conversar sobre o que ele espera ganhar com isso e pensar se essas necessidades podem ser atendidas com ou sem dar nome a esse diagnóstico.
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