Como muitos australianos, Rach cresceu apavorada com o sol. No país com os maiores índices de câncer de pele do mundo, ela vivenciou a famosa regra escolar “sem chapéu, sem recreio” e anúncios que insistiam que o sol causaria câncer. Protetores solares eram onipresentes em casa, e o hábito de aplicá-los religiosamente virou rotina.
Mesmo assim, em uma consulta de rotina no ano passado, Rach recebeu o diagnóstico de câncer de pele na região do nariz — um carcinoma basocelular, considerado de baixo risco, mas que precisou ser removido cirurgicamente, deixando uma cicatriz abaixo do olho.
“Fiquei confusa e com raiva. Achei que estava fazendo tudo certo, mas ainda assim aconteceu comigo”, disse Rach à BBC.
O escândalo dos protetores solares
O choque aumentou quando Rach descobriu que o protetor solar que usava há anos apresentava eficácia duvidosa. Um estudo independente da Choice Australia testou 20 produtos e constatou que 16 não atingiam o fator de proteção solar (SPF) prometido. Entre os produtos mais criticados estava o Ultra Violette Lean Screen SPF 50+, usado por Rach, que apresentou apenas SPF 4 em testes laboratoriais.
Outras marcas, como Neutrogena, Banana Boat, Bondi Sands e Cancer Council, também foram questionadas, mas defenderam seus produtos. Apesar disso, o caso gerou retirada de produtos do mercado, investigações do órgão regulador australiano Therapeutic Goods Association (TGA) e questionamentos sobre a regulamentação global de protetores solares.
Regulamentação e riscos: por que isso acontece?
Na Austrália, os protetores solares são classificados como produtos terapêuticos — equivalentes a medicamentos — e não apenas cosméticos, como na Europa. Isso garante uma fiscalização mais rigorosa, mas nem sempre evita falhas.
Segundo a química cosmética Michelle Wong, diferentes laboratórios e variações na pele das pessoas podem gerar resultados inconsistentes. Além disso, fórmulas parecidas compartilhadas entre marcas podem comprometer testes de eficácia, e casos de fraude em laboratórios já foram registrados internacionalmente.
Crise dos protetores solares na Austrália: o que está por trás da polêmica – Crédito: FreePik
O episódio reforça que, mesmo com regulamentação, protetores solares confiáveis exigem atenção redobrada do consumidor e das autoridades.
Como se proteger de verdade
Apesar do caso, especialistas reforçam que o uso correto do protetor solar continua essencial. Para garantir proteção da pele, recomenda-se aplicar uma colher de chá generosa em cada área do corpo, reaplicando a cada duas horas, principalmente após transpiração ou banho de piscina.
Além disso, roupas de proteção, chapéus e busca por sombra devem complementar a rotina de cuidados. “Mesmo produtos com SPF suficiente podem falhar se aplicados de forma inadequada”, alerta Michelle Wong, fundadora do Lab Muffin Beauty Science.
O caso serve como alerta para todos que buscam proteção eficaz da pele: sempre verifique a procedência do produto, siga rigorosamente as instruções e combine diferentes métodos de proteção. O sol continua perigoso, mas cuidados corretos reduzem drasticamente o risco de câncer de pele.
Resumo: Um escândalo na Austrália revelou que muitos protetores solares não oferecem a proteção prometida. Especialistas reforçam a importância de aplicar corretamente o produto, usar roupas de proteção e seguir hábitos seguros ao sol, garantindo maior segurança para a pele.
Leia também: