Um estudo britânico investigou como a Covid de longa duração afeta a menstruação e trouxe evidências claras de mudanças no ciclo menstrual de mulheres com a doença. O estudo foi publicado na revista Nature Communications nesta terça-feira (16/9).
Pesquisadores do Reino Unido realizaram um questionário com mais de 12 mil pessoas, além de amostras biológicas, para entender a relação entre o vírus e a saúde reprodutiva.
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Os resultados mostraram que mulheres com Covid longa relataram maior frequência de sangramentos anormais, incluindo fluxo intenso, ciclos mais longos, falhas na menstruação e sangramentos entre os períodos. Entre aquelas que tiveram Covid-19 apenas na fase aguda, sem evolução para o quadro longo, as alterações menstruais foram muito menos comuns.
Em um acompanhamento detalhado, sintomas como fadiga, dor de cabeça, tontura e mal-estar pós-esforço apresentaram piora nas fases próximas à menstruação, indicando que a condição pode se intensificar em determinados momentos do ciclo.
Covid longa está ligada a irregularidades menstruais e sintomas mais intensos
O estudo também investigou mecanismos biológicos. As análises revelaram níveis elevados de um hormônio androgênico ativo (5α-di-hidrotestosterona) e menor presença de receptores desse hormônio no tecido do útero. Além disso, foi identificada maior inflamação no endométrio, o que pode ajudar a explicar tanto as alterações menstruais quanto a intensificação dos sintomas.
Apesar dessas mudanças, os pesquisadores não encontraram evidências de que a Covid longa comprometa a função ovariana: os hormônios responsáveis pela ovulação, como estradiol e progesterona, estavam dentro da normalidade.
Segundo os autores, entender como a Covid longa interfere no ciclo menstrual é importante para melhorar a qualidade de vida das pacientes e orientar futuros tratamentos, especialmente os que consideram a fase do ciclo e o controle da inflamação.
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