Algumas grandes petrolíferas, como Shell e BP, que antes se destacavam em investimentos em energia limpa, têm recuado para focar na produção de petróleo e gás.
Outras, como Exxon Mobil e Chevron, concentram-se principalmente em combustíveis fósseis, mas investem em captura de carbono, lítio e grafite para baterias de veículos elétricos.
Empresas estatais, como a Saudi Aramco, também investem em energia limpa, ainda que considerem impossível eliminar totalmente petróleo e gás.
Diversificação e motivadores financeiros
Segundo Michael Oxman, professor de Práticas de Negócios Sustentáveis do Instituto de Tecnologia da Geórgia, “os investimentos em energia limpa podem proteger empresas e investidores contra volatilidade de preços de commodities e instabilidade política”.
Ele aponta que a diversificação também cria oportunidades de novas receitas: “Ao desenvolver a expertise dos funcionários e investir em tecnologias emergentes, as petrolíferas podem estar prontas para oportunidades comerciais em biocombustíveis, gás natural renovável, hidrogênio e outros caminhos que se sobrepõem às suas competências existentes.”
Além disso, Oxman observa que a energia limpa pode reduzir custos operacionais, usando solar ou eólica para abastecer poços e edifícios.
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As petrolíferas enfrentam crescente pressão de consumidores, reguladores e investidores para reduzir emissões e investir em tecnologias limpas.
Algumas, como BP e Equinor, reformularam suas marcas e adquiriram negócios de energia limpa, mas enfrentam críticas de greenwashing.
Oxman ressalta: “Lucros de curto prazo causam desastres de longo prazo. A indústria precisa perceber que os riscos climáticos são também riscos comerciais substanciais.”
Embora exemplos como a dinamarquesa Orsted demonstrem que a transição total para energia limpa é possível, Oxman alerta que a maioria das grandes petrolíferas dificilmente se reinventará rapidamente.
“O futuro das empresas e do planeta depende de decisões estratégicas que conciliem interesses comerciais e ambientais”, conclui.
O texto original sobre o assunto foi publicado no The Conversation.
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