Transplantes do futuro? Pesquisadores criam minirrins em laboratório

Os rins são órgãos essenciais para nossa sobrevivência. Eles limpam o sangue de impurezas, mas são extremamente complexos de serem reproduzidos à partir de células-tronco.

Agora, segundo a revista Science, pesquisadores avançam um passo importante ao criar réplicas renais mais realistas. Feitas a partir de células-tronco, elas são capazes de reproduzir funções básicas do rim e abrir novas possibilidades para estudos e terapias.

Os rins são, depois do cérebro, considerados os órgãos mais complexos do corpo. Agora, pesquisadores estão avançando nos estudos para criarem rins de laboratório prontos para transplantes. Crédito: Julien Tromeur / Unsplash

Estruturas foram implantadas em camundongos

Pesquisadores da Cell Stem Cell criaram uma versão completa do órgão utilizando estruturas de apenas 1 milímetro de largura extraídas de células-tronco renais. Conhecidos como organoides, fazem parte da complexa organização interna do rim e, segundo o estudo, quando transplantados em camundongos, produziram urina.

A descoberta permitirá que os pesquisadores estudem mais profundamente como os rins se desenvolvem e funcionam, investigando suas doenças e testando novas terapias.

Leia mais:

Células-tronco perdem função regenerativa no espaço – e isso é uma péssima notícia!

“Minicérebros” amadurecem com grafeno em estudo sobre Alzheimer

Odores corporais podem indicar doenças? Veja o que diz a Ciência

Para Alex Combes, biólogo da Universidade Monash, que não participou do estudo, “este é provavelmente o melhor [organóide] que já vimos. Mas ainda há um longo caminho a percorrer” até que novos rins possam ser cultivados para transplante, comentou à Science.

Complexidade só é superada pelo cérebro

Descoberta é importante para, no futuro, permitir que o número de transplantes renais cresça no mundo inteiro, reduzindo a necessidade de o paciente passar por hemodiálises diárias. Crédito: ali.can0707/Shutterstock

Os rins são órgãos muito complexos, formados por milhares de tubos que filtram o sangue e reabsorvem água e nutrientes importantes. No laboratório, os cientistas conseguiram criar organoides que já possuem partes essenciais do rim, como os néfrons, responsáveis pela filtragem, e os ductos coletores, que ajudam a reabsorver água e sódio.

Por enquanto, esses organoides ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento, limitando o que podem fazer. Mas, para vencer essa barreira, o pesquisador Zhongwei Li, da Universidade do Sul da Califórnia, usou diferentes misturas químicas para estimular o crescimento das células-tronco.

Uma dessas misturas gerou uma rede de tubos mais complexa do que as tentativas anteriores, permitindo que eles se comportassem de forma parecida com rins de camundongos recém-nascidos, liberando hormônios como rins de verdade e, quando conectados ao sistema circulatório dos animais, filtrando sangue e produzindo urina.

Células-tronco criam organoides renais em camundongos

Um dos testes para comprovar se o uso de células-tronco realmente funcionavam foi usar organoides com defeitos genéticos para causar a doença renal policística. Crédito: Robert R. Wal (Domínio Público/Wikimedia)

Li também criou organoides a partir de células-tronco humanas. Embora não tão maduros quanto os de camundongos, eles conseguiram se conectar à circulação de roedores e mostraram sinais de filtragem do sangue. Além disso, a equipe usou estruturas com defeitos genéticos que causam a doença renal policística. Quando implantados em camundongos, começaram a desenvolver cistos, reproduzindo problemas que não podem ser observados apenas em laboratórios.

Entenda o que foi feito

Rins filtram sangue e reabsorvem água e nutrientes através de minúsculos tubos.

Pesquisadores criaram mini-rins de laboratório, chamados organoides, com partes essenciais.

Organoides de camundongos filtraram sangue, produziram urina e liberaram hormônios.

Organoides humanos se conectaram à circulação de roedores, mostrando filtração parcial.

Organoides com defeitos genéticos reproduziram doença renal policística em camundongos.

Outros organoides são bastante desorganizados. Aqui, eles obtiveram organização.

Joseph Bonventre, nefrologista da Universidade de Harvard, em entrevista à Science.

Apesar de ser o mais próximo que pesquisadores já chegaram de replicar um rim em laboratório, ainda há um caminho longo pela frente para que os vasos que transportam o sangue conduzam a urina para a bexiga. Segundo ele, é possível que em até cinco anos, um rim transplantável esteja pronto para testes em animais.

O post Transplantes do futuro? Pesquisadores criam minirrins em laboratório apareceu primeiro em Olhar Digital.