Jovens incluídos na geração Z preferem recorrer à inteligência artificial (IA) para tirar dúvidas e buscar orientação no trabalho em vez de interagir com gestores humanos. Esta constatação, obtida em estudo recente da IA Pearl, veio como uma das amostras de que essa geração, daqueles que nasceram entre 1995 e 2012, tem como grande referência a confiança na tecnologia. Mais até do que nos humanos, conforme afirma a Oeste o especialista em tecnologia Thigu Soares, executivo da Ipnet.
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“A geração Z foi a primeira geração da humanidade a nascer num ambiente 100% digital”, afirma Soares a Oeste. “Ao contrário das gerações anteriores, eles não precisaram aprender a usar a tecnologia. A tecnologia sempre foi algo próximo a eles e parte do seu cotidiano desde que nasceram.”
Isto explica, em grande parte, o porquê de, nesta pesquisa da IA Pearl, 41% dos entrevistados terem respondido que confiam mais na IA do que em seus chefes para solucionar problemas. Outros 26% responderam que ainda preferem se basear na opinião humana.
A IA, considerada no momento a mais poderosa ferramenta para acesso ao conhecimento e pesquisas, nesse sentido, passou a ser reverenciada por uma geração totalmente conectada com a tecnologia. A reverência é tão grande que, conforme diz Soares, atrai a juventude por suas alternativas quase infinitas.
“O impacto da IA na geração Z é amplo, complexo e, até certo ponto, curioso”, ressalta o executivo da Ipnet. “Apesar de toda familiaridade com a tecnologia, a IA é a maior disrupção vivida por essa geração. Pela primeira vez, eles se deparam com algo realmente novo.”
Ele compara o impacto da IA na geração Z ao da internet nos millenials (nascidos entre 1981 e 1996).
“A única diferença entre as duas gerações é que uma viveu uma ruptura que saía do analógico para o digital enquanto a geração seguinte fez esse movimento dentro do digital.”
O impacto psicológico é inferior se comparado ao das gerações anteriores, com o surgimento do rádio, da televisão, satélites, videocassete, entre outros.
“Os jovens da geração Z temem menos a tecnologia e tendem a ver aspectos mais positivos que negativos, além de sua própria familiaridade com a temática tecnológica no geral”, acrescenta.
“Os resultados do estudo são um indicativo claro do conforto que eles sentem quando desafiados por uma nova tecnologia. Eles também acreditam que os trabalhos repetitivos e os erros humanos serão reduzidos, como mostra outra pesquisa da EY.”
Geração Z faz balanço sobre IA
A pesquisa mencionada por Soares foi realizada por Marcie Merriman e Beatriz Sanz Sáiz e publicada em dezembro de 2024. As autoras revelaram que 58% dos entrevistados da geração Z afirmaram que esperam usar mais IA em suas vidas profissionais no próximo ano.
Entre os principais benefícios que eles atribuem à IA estão: economia de tempo em tarefas repetitivas.(para 58%), análise eficaz de grandes volumes de dados (para 53%) e redução de erros humanos em processos importantes (para 41%).
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Segundo Soares, alguns freios éticos estão presentes nessas respostas, em relação ao receio da perda de controle dos aspectos humanos.
“Em contrapartida, também é interessante perceber e ressaltar a facilidade que esses jovens têm para ser críticos ao uso da IA e da tecnologia”, prossegue.
“A mesma pesquisa mostra que eles temem a redução da criatividade e do aprendizado, do aumento do desemprego por conta da substituição de humanos pela tecnologia e a geração de conteúdos e informações falsas. O impacto é bastante amplo, mas as considerações deles são bastante maduras, para uma geração tão jovem.”
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