A gestação é um dos momentos mais importantes da natureza, permitindo a continuidade das espécies. A duração da gravidez influencia diretamente a sobrevivência dos animais e ajuda a explicar o motivo de alguns deles estarem ameaçados de extinção.
A salamandra alpina (Salamandra atra), com gestação durando de dois a três anos, é a espécie com a gestação mais longa do reino animal. Em seguida, vem o elefante-africano (Loxodonta africana), com cerca de 22 meses, e as baleias cachalote (Physeter macrocephalus) e a azul (Balaenoptera musculus), com gestações que podem ultrapassar 16 meses.
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Com períodos entre 14 e 16 meses, algumas espécies de girafas e rinocerontes ganham destaque na lista. Grandes primatas, como orangotangos e gorilas, podem levar mais de 8 meses para gestar.
“O prolongamento do desenvolvimento embrionário está relacionado ao tamanho corporal elevado, à complexidade anatômica e à necessidade de que os filhotes nasçam em estágios relativamente avançados de maturidade para garantir maiores chances de sobrevivência em ambientes desafiadores”, explica professora de ciências biológicas Eduarda Pelizzari Camilo, do Colégio Católica Curitiba.
Gestação rápida x lenta
Na natureza, longos períodos de gestação são uma estratégia para garantir filhotes mais fortes e preparados. Por outro lado, esse tempo impõe um limite severo à capacidade de reposição populacional — as fêmeas terão poucos descendentes ao longo da vida.
Em caso de perdas, a recuperação populacional pode ser muito mais lenta. Por exemplo, se um grupo de elefantes for afetado com caça, destruição de habitat ou doenças, pode levar décadas para repor os indivíduos falecidos.
Os elefantes-africanos estão em segundo na lista de animais com gestação mais longa
Já outros animais, como roedores e coelhos, adotam um outro tipo de modelo gestacional: a produção de várias ninhadas ao longo do ano, porém com menos cuidado parental. Isso gera filhotes mais fracos e menos capacitados para enfrentar os perigos da natureza.
“Eles compensam a fragilidade inicial dos filhotes com maior quantidade. Embora também exijam gasto energético, suas gestações são mais breves, permitindo ciclos reprodutivos acelerados”, destaca a professora de biologia Priscila de Freitas, coordenadora da área de ciências da natureza no Marista Águas Claras, em Brasília.
Não é só o tempo de gestação
Porém, a vulnerabilidade das espécies não está associada somente a grandes gestações. A atividade humana, através da destruição de habitats naturais e a caça, age como fator importantes de ameaça aos animais. Somados, os problemas se tornam cada vez maiores.
Segundo Eduarda, várias espécies de baleia e elefantes-africanos foram fortemente impactados pela caça predatória. Com a baixa taxa de reprodução, os mamíferos não conseguiram acompanhar o ritmo de pressões externas.
“A lentidão em repor indivíduos torna essas populações especialmente vulneráveis à exploração e a eventos de mortalidade em massa”, revela a professora.
Como conservar as espécies de gestação longa
Estratégias de longo prazo são necessárias para proteger animais com gestação lenta na natureza. A criação de áreas protegidas, o combate à caça ilegal, além da redução de conflitos com atividades humanas podem favorecer a variabilidade genética.
Em casos mais extremos, técnicas de reprodução assistida, como inseminação artificial e a utilização de bancos genéticos, podem ser usadas como ferramentas eficazes para a sobrevivência dos bichos.
“Compreender o ritmo natural da reprodução animal é essencial para formular políticas públicas e estratégias de preservação mais eficazes”, afirma Eduarda.
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