Um novo capítulo na crise da Valdac Global Brands (VGB), responsável pelas marcas de roupas Siberian e Crawford, ganhou destaque nesta semana, depois que a Justiça de São Paulo fixou prazo de cinco dias, sem possibilidade de prorrogação, para que a empresa quite dívidas do processo de recuperação judicial. Segundo apuração do portal Metrópoles, o descumprimento dessa exigência pode resultar na decretação de falência da companhia, conforme advertiu o tribunal.
No encerramento de agosto, a Deloitte, administradora judicial da VGB e uma das principais auditorias globais, enviou relatório à Justiça no qual sugere a transformação da recuperação judicial em falência. O documento apresentou detalhes sobre a situação financeira da VGB, que já teve cerca de 130 lojas e 2 mil funcionários, mas atualmente mantém apenas um ponto de venda, a sede administrativa, um outlet e 21 empregados.
Risco de falência da Siberian
Segundo o relatório, a Deloitte apontou dificuldades de caixa e atrasos nos pagamentos das dívidas previstas, incluindo débitos trabalhistas e valores devidos à própria administradora judicial. O texto também mencionou sinais de que a função social da dona da Siberian não estaria mais sendo exercida, aumentando a possibilidade de falência.
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Em 5 de setembro, advogados da VGB apresentaram contestação à Justiça, na qual argumentam que decretar falência seria uma medida precipitada e excessiva. A defesa afirmou que as empresas do grupo não se recusam a cumprir o plano de recuperação judicial e seguem empenhadas em atender às obrigações estabelecidas.
De acordo com a defesa, o grupo busca se reorganizar com investimentos em e-commerce. Os representantes legais afirmaram que a função social da empresa está sendo realizada e que alternativas viáveis estão sendo adotadas para enfrentar a crise. Ressaltaram ainda que os atrasos nos pagamentos não são intencionais, mas resultado de uma crise estrutural prolongada, e que negociações fiscais, ajustes operacionais e reestruturações estão em andamento.
Os advogados do VGB citaram ainda tentativas de vender manequins sem utilidade no momento, mas alegaram que a Deloitte impôs obstáculos à conclusão do negócio, impedindo a concretização de uma operação considerada financeiramente vantajosa.
O processo de recuperação judicial
Desde 2021, a dona da Siberian está em recuperação judicial, processo que teve início com o objetivo de reorganizar dívidas estimadas em cerca de R$ 450 milhões. A decisão recente da 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial do Tribunal de Justiça de São Paulo reforçou a exigência de quitação das obrigações sob pena de falência.
Além da crise financeira, a família fundadora das marcas enfrenta disputa patrimonial. Stephanie Saraiva, filha do fundador, recorreu à Justiça solicitando a produção antecipada de provas para possível ação judicial. Ela alegou ter sido excluída de uma herança avaliada em R$ 500 milhões.
Os advogados da VGB não comentaram o caso. Já a Deloitte, em nota, disse: “Por compromissos de confidencialidade e ética profissional, não comenta sobre seus clientes ou empresas do mercado”.
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