Trump relaciona casos de autismo com uso de paracetamol

O presidente Donald Trump e o secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., divulgaram nesta segunda-feira (22) um relatório sobre as possíveis causas do aumento de diagnósticos de autismo nos EUA – uma preocupação de longa data para ambos.

Embora a ciência já tenha descartado qualquer ligação entre vacinas e autismo, uma teoria defendida por Trump e Kennedy no passado, o novo relatório sugere outro possível fator de risco: o uso do paracetamol, o ingrediente ativo do Tylenol, durante a gravidez.

Sem comprovação científica, Trump mira no paracetamol para explicar casos de autismo nos EUA – Imagem: Joshua Sukoff/Shutterstock

O que a ciência sabe sobre o autismo

O transtorno do espectro autista (TEA) envolve dificuldades de comunicação, comportamento repetitivo e variação significativa de gravidade.

Pesquisadores apontam que a condição resulta de uma combinação complexa de fatores genéticos e ambientais.

Estudos analisam ainda poluição do ar, infecções na gravidez, parto prematuro e idade avançada dos pais como potenciais influências.

A prevalência aumentou de 1 em 150 crianças no ano 2000 para 1 em 31 atualmente, em parte devido a mudanças nos critérios diagnósticos, maior conscientização e triagem precoce.

A inclusão de condições como a síndrome de Asperger no espectro também contribuiu para o crescimento dos números.

Documento sugere que uso de Tylenol na gravidez pode ser fator de risco, mas especialistas dizem que evidências continuam inconclusivas (Reprodução: mojo cp/Shutterstock)

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Paracetamol e outras hipóteses

Pesquisas investigando o uso de paracetamol durante a gestação mostram resultados mistos. Uma revisão de 46 estudos indicou associação com autismo e TDAH, mas não estabeleceu relação causal.

Um estudo sueco com 2,5 milhões de crianças concluiu que a ligação desaparece ao comparar irmãos da mesma mãe. Especialistas reforçam que o Tylenol deve ser usado com cautela, na menor dose possível – o que já é prática padrão.

A hipótese de que vacinas causam autismo foi desmentida por dezenas de estudos de larga escala. O estudo original de Andrew Wakefield de 1998 foi retratado, e o autor perdeu sua licença médica.

Novo relatório do governo dos EUA aponta paracetamol como possível causa do autismo – Imagem: Aleksandra Gigowska – Shutterstock

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