Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros revelou que a principal de fonte das mini partículas na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, são as “quentinhas”. O descarte inadequado do material tem prejudicado o ponto turístico carioca. Durante a análise, foram encontrados 32 itens microplásticos, sendo 70% feitos de isopor.
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A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e publicada na revista científica Anais da Academia Brasileira de Ciências no início de setembro.
Após investigações, foi detectado que a maioria dos fragmentos plásticos eram formados por poliestireno expandido, material conhecido como isopor e que compõe as embalagens plásticas comercializadas nas praias.
O que são microplásticos?
Os micro e nanoplásticos são fragmentos minúsculos que se desprendem de objetos plásticos ao longo do tempo ou com o uso, como aquecimento, abrasão e lavagem.
Eles já foram detectados em alimentos, no ar, na água e até no corpo humano, incluindo em órgãos vitais e na placenta.
Testes com camundongos também identificaram essas partículas nos fetos, levantando preocupações sobre os impactos ainda desconhecidos na saúde.
Protocolos adaptados
Para realizar o estudo, a equipe criou um protocolo padronizado para coleta, tratamento e identificação de microplásticos das areias de praias costeiras, se adaptando às particularidades brasileiras em vários aspectos.
“Procuramos adaptar o protocolo às condições brasileiras, considerando fatores específicos como clima, velocidade do vento e marés, além de aspectos relacionados à latitude e longitude dos locais de coleta”, diz uma das autoras do artigo, Marina Sacramento, pesquisadora da UFRJ, em comunicado.
Marina defende que a abordagem é um avanço em comparação a pesquisas anteriores, que utilizavam técnicas de coleta e extração diferentes, prejudicando a comparação entre os dados.
Os microplásticos estão presentes por toda parte, inclusive no interior do corpo humano
Através da metodologia desenvolvida, foi realizada a amostragem sistemática na linha de maré alta, separação de partículas por flotação e tratamento laboratorial com microscopia óptica e espectroscopia de infravermelho (FTIR). O objetivo era ter resultados mais confiáveis e diminuir a contaminação externa.
Ao todo, foram detectados 32 itens microplásticos, com diâmetros médios entre 2,1 e 4 milímetros. Além do isopor, pesquisadores identificaram materiais encontrados em sacolas, filmes plásticos, copos descartáveis e tampas de garrafas, como polietileno e polipropileno. No entanto, os dois últimos polímeros foram achados em menor proporção, representando aproximadamente de 12% a 18% das amostras.
Preocupação com origem dos microplásticos
Por ser uma área turística muito visitada, repleta de restaurantes e ainda próxima ao Pão de Açúcar, a equipe de pesquisa já esperava microplásticos no local. No entanto, a quantidade e a fonte principal surpreendeu.
“A grande surpresa foi a expressiva quantidade de poliestireno proveniente das quentinhas de alimentação, especialmente durante os grandes feriados brasileiros”, revela Sacramento.
Por fim, os pesquisadores ressaltam a necessidade de continuar investigando a origem e os possíveis impactos dos microplásticos nas praias brasileiras. Além do mar, o objetivo é analisar amostras de água de rios e cachoeiras.
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