Perigo ou inovação? Startup aposta em IA para acelerar diagnósticos e consultas médicas

Como seria ir ao seu médico e, no lugar de correr para descrever os sintomas, fosse possível encontrar alguém disposto a te ouvir sem pressa e que faça perguntas adequadas para entender o problema?

Isso é o que está acontecendo em algumas clínicas administradas pela startup médica Akido Labs. Pacientes, muitos pelo Medicaid, têm acesso rápido e fácil a especialistas dispostos a ouvi-los.

Um assistente médico segue uma lista de questões sugeridas pela IA para que o sistema possa fornecer um diagnóstico. Crédito: Kmpzzz/Shutterstock

IA analisa as informações coletadas por assistentes médicos

A diferença é que nessas consultas, quem conversa com o paciente é um assistente médico, que coleta o máximo de informações sobre seus sintomas, que depois serão analisadas por um sistema chamado ScopeAI, explica o MIT Technology Review.

Esse sistema de inteligência artificial transcreve e interpreta a conversa, sugere possíveis diagnósticos e até elabora um plano de tratamento. Só então um médico revisa as recomendações, podendo aprová-las ou corrigi-las.

Nosso foco está no que podemos fazer para tirarmos o médico da consulta.

Jared Goodner, CTO da Akido, ao MIT Technology Review.

Leia mais:

Novo teste digital promete diagnóstico mais rápido do Alzheimer

IA pode auxiliar no diagnóstico de doenças raras, diz Microsoft

Nova IA pode prever risco de mais de 1.000 doenças

Os diagnósticos e o tratamento sugerido pelo ScopeAI são validadas por um médico que pode aceitá-los ou corrigi-los. Crédito: S. Singha/Shutterstock

Segundo Goodner, isso permite que os médicos atendam de quatro a cinco vezes mais pacientes do que antes. Em um cenário em que a população atendida pelo Medicaid está envelhecendo e ficando mais doente, aumentar a eficiência é essencial para garantir que todos recebam atendimento adequado.

Dúvidas sobre a eficácia do sistema de inteligência artificial

Especialistas, porém, levantam preocupações. Eles afirmam que transferir parte do raciocínio médico para a IA pode ser arriscado, já que existe uma grande diferença de conhecimento entre os médicos e os assistentes automatizados.

Embora a inteligência artificial já esteja presente em outras ferramentas médicas, como exames preventivos que ajudam a detectar doenças, nesses casos ela atua apenas como apoio médico, não como substituta.

E o ScopeAI se diferencia justamente por tentar assumir sozinho tarefas típicas de uma consulta, como colher o histórico do paciente, listar diagnósticos possíveis e apontar o mais provável, muitas vezes sem participação direta do médico.

Especialistas alertam para riscos de viés e diagnósticos imprecisos, além da perda do “toque humano” durante a consulta com o uso do ScopeAI. Crédito:TippaPatt/Shutterstock

E isso leva a diversas preocupações:

Risco de diagnósticos imprecisos pela lacuna entre médicos e IA.

Possível viés de automação, com médicos seguindo demais as recomendações do sistema.

Falta de estudos rigorosos que comprovem eficácia e segurança.

Perda do “toque humano” na consulta.

Falta de transparência para os pacientes sobre o papel real da IA.

Desigualdade de acesso entre pacientes do Medicaid e de outros planos.

Como o ScopeAI funciona?

Durante a consulta, o assistente segue uma lista de questões sugeridas pelo sistema, que se adapta de acordo com as respostas do paciente. Ao final, o ScopeAI gera um resumo da consulta com até três diagnósticos prováveis, além de diagnósticos alternativos.

O sistema também sugere encaminhamentos para outros especialistas ou prescrições de medicamentos, junto com uma lista de justificativas para ter chegado a uma determinada conclusão.

No momento, a plataforma está sendo utilizada em clínicas de cardiologia, endocrinologia e atenção primária, além de uma equipe da Akido que atende a população de rua de Los Angeles.

O post Perigo ou inovação? Startup aposta em IA para acelerar diagnósticos e consultas médicas apareceu primeiro em Olhar Digital.