Border collie: conheça a raça de cachorro mais inteligente do mundo

Entre as mais de 300 raças de cães reconhecidas, o border collie é considerado o cachorro mais inteligente do mundo. Ele é conhecido pela sua capacidade de aprender comandos com rapidez, memorizar rotinas complexas e até antecipar o comportamento humano.

Mas o que faz dessa raça um fenômeno cognitivo? A explicação está na soma de fatores genéticos, comportamentais e históricos. Criados para o pastoreio, os border collies foram moldados para tomar decisões rápidas, controlar impulsos e manter o foco absoluto nas tarefas.

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Por que os border collies são os mais inteligentes do mundo?

A explicação para a inteligência dos border collies se dá por vários fatores. Estudos em neurociência indicam que cães de pastoreio possuem uma quantidade maior de neurônios em relação a outros cães de porte semelhante.

Essa característica garante melhor capacidade de memorização, aprendizado e solução de problemas. A história da raça também tem impacto na inteligência, já que durante séculos os border collies foram criados para pastorear rebanhos em grandes fazendas, tarefa que exigia decisões rápidas e controle sobre instintos predatórios.

No processo de pastoreio, os cães conduziam os animais sem machucá-los, obedecendo comandos humanos e mantendo o foco mesmo com distrações. Esse tipo de seleção natural e artificial moldou cachorros com habilidades muito acima da média, capazes de agir de forma estratégica.

Kássia Vieira, doutora em saúde animal, médica veterinária e professora de comportamento animal da Universidade Católica de Brasília (UCB), explica que apesar do instinto de pastoreio impactar na inteligência dos cães, as altas habilidades não se devem exclusivamente a isso.

“O border collie já nasce com características genéticas associadas à alta quantidade de neurônios e à uma resposta rápida do sistema nervoso. Independente do ambiente em que vive, ele já carrega esse instinto. Sem o pastoreio, ele vai aplicá-lo de outras formas: aprendendo truques, brincadeiras ou na forma como compreende o ambiente ao redor”, explica.

Instinto de pastoreio

O instinto de pastoreio é uma característica presente nos border collies, mesmo quando vivem longe de fazendas ou rebanhos. Esse comportamento faz com que eles tentem organizar pessoas, crianças ou animais ao redor, repetindo de forma natural a função para a qual foram selecionados ao longo de gerações.

A raça surgiu na região de fronteira entre a Escócia e a Inglaterra, e o nome “border” (fronteira, em inglês) foi adicionado em referência à sua origem

Além disso, esse instinto explica a forte atração por objetos em movimento, como bolas, frisbees ou luzes de laser. Sem atividades adequadas para gastar essa energia, o cão pode desenvolver comportamentos repetitivos ou compulsivos, como perseguição constante ou fixação em um alvo.

Um dos sinais mais conhecidos do instinto de pastoreio é o chamado “eye”, ou olhar de pastoreio. Trata-se da habilidade de fixar os olhos em um alvo por longos períodos, comportamento que surgiu naturalmente durante a seleção da raça para trabalhar com o rebanho.

Comportamento e ansiedade

Sem estímulos adequados, esses cães podem apresentar sinais de ansiedade e comportamento destrutivo. Entre os sintomas mais comuns estão morder móveis, destruir objetos, lamber compulsivamente as patas ou correr em círculos repetidamente.

O equilíbrio emocional da raça depende de atividades que combinem esforço físico e mental. Jogos de busca, exercícios de olfato, treinamento de comandos e técnicas de relaxamento ajudam a direcionar a energia acumulada e a manter o cão tranquilo.

Fabiana Volkweis, médica veterinária e professora do Centro Universitário de Brasília (Ceub), conta que existem técnicas de manejo mental e físico recomendadas para ensinar os cães a relaxarem, de modo que exercitem a mente e o corpo de forma saudável.

“Para evitar a sobrecarga de estímulos, é essencial estabelecer uma rotina que combine momentos de atividade com períodos de descanso. É importante ensinar o border collie a desacelerar, recompensando e reforçando positivamente os momentos em que ele estiver calmo e relaxado”, aconselha.

Saúde e riscos

O médico veterinário Walker Castro, da clínica CVS, em Brasília, explica que o fato dos border collies serem tão ativos faz com que os tutores tenham que tomar cuidados maiores em relação a lesões articulares.

“Por serem atletas natos, o maior cuidado ortopédico está nas lesões articulares, como a ruptura de ligamento da patela e displasia. A prevenção começa desde cedo, com controle do peso, exercícios de baixo impacto até a maturidade óssea e fortalecimento muscular”, esclarece.

Outro ponto que exige cuidado é a genética da pelagem merle. O cruzamento entre dois cães com esse padrão genético pode gerar filhotes com surdez ou alterações oculares. Por isso, é fundamental que os criadores planejem os cruzamentos, evitando combinações que possam prejudicar a saúde dos cães.

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