Quando enfrentamos um problema de saúde em casa, nosso primeiro pensamento é “preciso ir a um hospital”. Os atendimentos de saúde, porém, podem ser diversos e muitas vezes procurar a unidade inadequada de saúde pode causar longas horas de espera para ser atendido.
Por isso, os médicos destacam que é fundamental saber quando procurar um hospital, uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), uma unidade básica de saúde (UBS) ou mesmo quando ir a atendimentos especializados, como uma maternidade ou um hospital infantil.
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Segundo o médico Rodrigo Theodoro Belila, superintendente assistencial do Hospital Angelina Caron, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), pessoas saudáveis e sem doenças crônicas não precisam recorrer ao pronto-socorro diante de sintomas simples.
“O ideal é agendar uma consulta médica e só buscar o pronto-socorro se tiver sintomas mais graves ou não tenha certeza sobre essa gravidade. Em uma unidade hospitalar ou em uma UPA, o paciente passa por uma triagem que pode inclusive orientá-lo a buscar o atendimento em consultas médicas. Em alguns casos, a pessoa realmente pode não ser atendida no pronto-socorro”, explica.
Para onde ir?
O atendimento de saúde é feito em rede, com unidades diferentes funcionando para casos específicos. As unidades básicas (UBSs), antigamente chamados de postos de saúde, por exemplo, são responsáveis pelo acompanhamento contínuo da população, com vacinas e controle de doenças crônicas. Entretanto, elas podem fazer o atendimento de pequenas urgências, como febre, dores de ouvido ou garganta, pequenos ferimentos e suspeita de dengue.
As UPAs, por outro lado, funcionam 24 horas e recebem casos de urgência moderada, como dor torácica, falta de ar, convulsões, pressão arterial descontrolada e reações alérgicas severas. Já os hospitais ficam reservados para situações de alta complexidade, incluindo cirurgias, partos, transplantes, grandes traumas e hemorragias, elucida o médico.
O cenário de saúde do próprio paciente, porém, também pode pesar na hora de procurar o atendimento. Para pessoas que não tiveram episódios de desmaios anteriores, por exemplo, a perda súbita da consciência é uma emergência que deve ser avaliada em um pronto-socorro. Se uma pessoa já teve desmaios simples anteriormente e conhece as circunstâncias que os causam, porém, o atendimento pode não ser necessário.
“É fundamental garantir que essas pessoas sejam tratadas e que nenhum outro problema esteja sendo negligenciado. Mas, se a pessoa já foi consultada outras vezes e é capaz de entender o que a leva a perder a consciência, ela pode marcar uma nova consulta com seu médico sem a necessidade de urgência”, explica o cardiologista Elias Behr, de São Paulo.
Quando chamar a ambulância?
Outra dúvida da população, especialmente para quem não possui veículo próprio, é quando chamar uma ambulância. No Brasil, duas centrais prestam atendimento pré-hospitalar: o SAMU (192) e o SIATE (193). Embora complementares, suas funções são distintas e acioná-las corretamente pode agilizar o socorro e evitar sobrecarga nos sistemas de saúde.
O SAMU tem foco principal no atendimento de casos clínicos graves, como infartos, acidentes vasculares cerebrais (AVC), crises convulsivas e parada cardiorrespiratória. Já o SIATE é operado pelo Corpo de Bombeiros e tem como principal função o atendimento a vítimas de traumas de acidentes de trânsito, queimaduras ou resgates em situações de risco.
“Enquanto os socorristas do SIATE são bombeiros, as viaturas do SAMU podem ser de suporte básico, com técnico de enfermagem e condutor socorrista, ou de suporte avançado, funcionando como UTIs móveis, com médico, enfermeiro e equipamentos especializados”, explica o paramédico Thiago Cordeiro, que é coordenador da Central de Regulação de Urgências da SMB Gestão em Saúde.
Para mães e bebês, o cenário é diferente
O atendimento para saúde também muda de acordo com a idade dos atendidos. Os pais devem buscar socorrro preferencialmente em hospitais infantis ou pediátricos para seus filhos. Gestantes que se encontram em emergência médica devem procurar hospitais que tenham atendimento com maternidade.
A coordenadora médica Renata Mascarett, de Neonatologia da Maternidade São Luiz Star, aponta que o cenário ideal para atender uma grávida inclui incubadoras, respiradores e monitores que não estão disponíveis em qualquer hospital.
“Além disso, toda a equipe precisa ter acesso a treinamentos de ventilação mecânica, reanimação, nutrição enteral e parenteral, amamentação exclusiva, tratamento de infecções pré-natais e pós-natal, complicações neurológicas, entre outras tantas complicações que o prematuro pode ter durante a internação”, aponta Renata.
Atendimento pediátrico
Os pais de crianças e adolescentes muitas vezes procuram o pronto-socorro mesmo em situações que não exigem a medida. O ideal é entrar em contato com o pediatra que acompanha o paciente antes de se dirigir à emergência: o cuidado pode evitar deslocamentos desnecessários, além de proteger a própria criança de exposição a doenças hospitalares.
“Há sintomas que não devem ser ignorados: febre acima de 39°C por mais de três dias, mesmo com o uso de antitérmicos; dificuldade para respirar; vômitos e diarreia persistentes; quedas com batida na cabeça; manchas avermelhadas e inchaço nos lábios ou língua, que podem indicar alergias; ou sangramentos e feridas. Mas, em aproximadamente metade dos atendimentos que fazemos, a ida ao pronto-socorro era desnecessária”, diz a intensivista pediátrica Thais de Mello Cesar Bernardi, da Associação Paulista de Medicina (APM).
Os médicos também ressaltam que o sistema de triagem adotado nas unidades hospitalares leva em consideração a gravidade do quadro, e não a ordem de chegada. Por isso, compreender os sinais que exigem urgência também ajuda a colaborar com a organização do serviço e a garantir que os casos mais graves recebam atenção no tempo adequado.
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