Covid-19: pandemia deixou mais de 1,3 milhão de crianças órfãs no Brasil

Os efeitos da pandemia de Covid-19 na nossa saúde ainda são estudados e podem continuar sendo sentidos por muito anos. A crise sanitária, no entanto, também deixou marcas que nem mesmo o tempo poderá apagar.

Segundo um artigo publicado na revista Lancet Regional Health – Americas, a doença deixou mais de 1,3 milhão de crianças brasileiras órfãs. O trabalho combinou modelagem estatística e dados do registro civil para estimar o impacto da mortalidade.

Doença afetou especialmente idosos com mais de 60 anos no Brasil (Imagem: Fusion Medical Animation/Unsplash)

Adolescentes entre 12 e 17 anos foram os mais afetados

A maior parte dos casos envolve a perda de um único cuidador, frequentemente idosos com mais de 60 anos, grupo mais vulnerável à doença.

O levantamento também mostra que adolescentes entre 12 e 17 anos foram os mais afetados, faixa etária em que o impacto emocional tende a ser ainda mais sensível.

Entre as mais de 1,3 milhão de crianças órfãs, aproximadamente 280 mil tiveram perdas diretamente associadas à Covid-19.

Foram 149 mil que perderam pais e 135 mil que viram seus avós ou outros cuidadores idosos irem embora.

Roraima apresentou as maiores taxas proporcionais, enquanto Santa Catarina teve as menores.

As informações são do Jornal da USP.

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Legado da pandemia

A coautora do estudo, a professora Lorena Barberia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, explica que o Brasil se destaca por ter dados que permitem vincular crianças a adultos falecidos nas declarações de óbito. Isso ajudou a validar as estimativas do trabalho.

Apesar disso, ela alerta para a falta de políticas públicas específicas para os órfãos em território brasileiro. “Houve um trauma muito grande, e ainda não temos mecanismos para identificar e atender essas crianças de forma adequada”, afirma a pesquisadora.

Autoridades brasileiras precisam criar políticas específicas para este grupo (Imagem: sweet_tomato/Shutterstock)

O estudo ainda reforça que compreender a dimensão da orfandade é essencial para orientar políticas sociais e educacionais. O principal desafio é não deixar que as crianças fiquem desamparadas. Um legado silencioso da pandemia que o Brasil ainda precisa enfrentar.

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