Apneia do sono em crianças? Entenda a condição

O Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, é uma boa oportunidade para lembrar que o sono é um dos pilares da saúde infantil. Mais do que descanso, ele é essencial para o crescimento, o aprendizado e o equilíbrio emocional. Entre os distúrbios que comprometem esse processo, a apneia obstrutiva do sono vem preocupando especialistas: segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia, até 4% das crianças brasileiras sofrem com a condição, caracterizada por pausas na respiração, ronco frequente e sono agitado.

O impacto da apneia no crescimento e aprendizado

Durante o sono profundo, a glândula pituitária é responsável pela liberação do hormônio do crescimento — e também pelo fortalecimento da memória. Quando esse ciclo é interrompido, o corpo deixa de realizar funções essenciais para o desenvolvimento infantil.

“É durante o sono profundo que a glândula pituitária libera o hormônio do crescimento e consolida a memória. Quando esse sono é interrompido, seja por apneia ou outros distúrbios, a criança pode apresentar atraso no crescimento, dificuldade de concentração e menor rendimento escolar”, explica Geraldo Lorenzi Filho, pneumologista e especialista em medicina do sono da Biologix.

A apneia infantil não afeta apenas o crescimento físico. O distúrbio também prejudica a regulação emocional e o comportamento.

Crianças com sono fragmentado tendem a ficar mais irritadas, impulsivas e hiperativas, o que pode levar a quadros de ansiedade, depressão e dificuldades escolares. Além disso, a imunidade enfraquece, aumentando a vulnerabilidade a infecções respiratórias e viroses.

Como identificar os sinais de alerta

Os sintomas nem sempre são percebidos facilmente pelos pais. Em muitos casos, a criança parece apenas estar cansada ou desatenta. Segundo Geraldo, há alguns sinais que devem acender o alerta:

Ronco constante, mesmo leve;

Respiração pela boca durante o sono;

Despertares frequentes ou sono agitado;

Sonolência diurna e baixo rendimento escolar.

“Muitas vezes os pais percebem apenas a irritabilidade ou o baixo desempenho escolar, mas é importante observar a qualidade do sono e consultar um profissional especialista em sono”, reforça o pneumologista.

O diagnóstico da apneia é feito por meio da polissonografia, exame que monitora a respiração, o batimento cardíaco e a oxigenação do sangue durante o sono. Quando confirmada, o tratamento pode incluir desde ajustes de hábitos e correção de obstruções nas vias aéreas (como amígdalas aumentadas) até o uso de aparelhos específicos em casos mais graves.

Quanto tempo as crianças devem dormir?

A quantidade ideal de sono muda conforme a idade:

Recém-nascidos: de 14 a 17 horas por dia;

Crianças de 1 a 3 anos: entre 11 e 14 horas;

Crianças em idade escolar (4 a 6 anos): entre 10 e 12 horas.

Dormir menos do que o recomendado pode comprometer não apenas o crescimento, mas o aprendizado, a atenção e o humor.

Criança pode sofrer com apneia do sono? Entenda. Foto: FreePik

Hábitos que ajudam a garantir noites melhores

Boas práticas de higiene do sono são fundamentais para prevenir distúrbios e melhorar a qualidade do descanso. Pequenas mudanças diárias fazem grande diferença:

Criar rotinas regulares para dormir e acordar;
Evitar telas (celulares, tablets, televisão) por pelo menos uma hora antes de dormir;
Manter o quarto escuro, silencioso e arejado;
Evitar refeições pesadas próximas ao horário de deitar;
Incentivar atividades físicas durante o dia.

Geraldo lembra que quantidade não é sinônimo de qualidade. “Tratar distúrbios como a apneia cedo é um cuidado que influencia diretamente o crescimento e o desenvolvimento cognitivo da criança, impactando sua saúde agora e no futuro”, diz

Resumo:

A apneia do sono pode atingir até 4% das crianças brasileiras e causa prejuízos ao crescimento, ao aprendizado e à imunidade. O diagnóstico precoce e hábitos saudáveis de sono são fundamentais para garantir o desenvolvimento pleno e o equilíbrio emocional dos pequenos.

Leia também: