Conhecida como gordura no fígado, a esteatose hepática é uma condição que ocorre quando há um acúmulo grande de gordura nas células do órgão. A doença é provocada por maus hábitos, como falta de exercícios e rotina alimentar inadequada, alcoolismo ou outras condições pré-existentes, como diabetes, obesidade e colesterol alto.
Caso não seja tratada, pode causar inflamação, fibrose, cirrose e insuficiência do órgão. Em casos mais graves, a condição aumenta o risco de câncer de fígado.
A boa notícia é que existe uma maneira simples e eficaz para tratar a gordura no fígado: fazendo mudanças no estilo de vida. Segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles, adotar uma rotina alimentar equilibrada, praticar exercícios com regularidade e reduzir o consumo de álcool são atitudes capazes de mudar o cenário.
“Em geral, quando o paciente adota mudanças consistentes de estilo de vida — com alimentação equilibrada, perda de 7% a 10% do peso corporal e prática regular de exercícios — já é possível observar melhora significativa nas enzimas hepáticas e na quantidade de gordura no fígado em cerca de três a seis meses”, revela a gastro-hepatologista Natália Trevizoli, do Hospital Santa Lúcia Sul, em Brasília.
Natália explica que o tempo de recuperação pode variar de acordo com a particularidade de cada organismo, mas em casos leves, esse costuma ser o período esperado. Já em quadros clínicos mais avançados, como inflamação ou fibrose, a melhora é mais demorada.
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Capacidade de regeneração do fígado
A recuperação rápida do fígado está muito ligada à sua capacidade de regeneração, mesmo em casos de remoção ou “agressões” causadas por medicamentos ou infecções virais. “Isso acontece, por exemplo, quando se realiza uma cirurgia com retirada de uma parte dele – o restante que fica consegue aumentar de tamanho”, exemplifica o hepatologista Henrique Rocha, do Hospital Brasília Águas Claras.
Apesar disso, o mecanismo não se aplica em todos os casos: o fígado dificilmente se regenera em situações de fibrose ou cirrose hepática avançadas. Por isso, o especialista alerta sobre a importância de ir ao médico com regularidade.
“É importante lembrar que há uma estimativa de que 40% da população brasileira possui algum grau de gordura no fígado. É uma doença silenciosa, sem sinais ou sintomas específicos. Ao ser diagnosticado com a doença, sempre procure avaliação médica especializada e assim receber as orientações adequadas”, diz o médico.
Gordura no fígado pode ocasionar câncer no órgão
É possível acabar com a gordura no fígado sem medicamentos?
Sim. A alimentação tem papel fundamental na redução da gordura no fígado. Segundo o nutricionista Fernando Castro, o primeiro passo é reduzir o consumo de açúcar, massas e pães brancos, frituras, refrigerantes e bebidas alcoólicas.
Aliado a isso, há a necessidade do aumento na ingestão de verduras, legumes, frutas, feijão, cereais integrais, peixes e castanhas. Como complemento, alguns chás também podem ajudar no processo, especialmente os que auxiliam a digestão e possuem efeito antioxidante, como o chá verde, de hibisco, de dente-de-leão e de boldo.
“A reversão completa da esteatose hepática é possível apenas com mudanças de estilo de vida, desde que haja perda ponderal suficiente e sustentada. Evidências robustas mostram que a redução de 7% a 10% do peso corporal leva à melhora significativa da esteatose, e perdas acima de 10% podem inclusive promover resolução doença associada à disfunção metabólica (MASH) e regressão parcial da fibrose, sem necessidade de medicamentos”, explica Natália.
O tratamento de casos mais graves — com inflamação e fibrose, por exemplo — pode exigir a necessidade da inclusão de medicamentos específicos para melhorar o metabolismo e diminuir a inflamação, como as canetas emagrecedoras. Além disso, a cirurgia bariátrica também pode ser uma alternativa eficaz.
Para evitar recaídas após a recuperação do fígado, Fernando Castro conta que o segredo é transformar o cuidado em hábito. “Fazer exames de rotina também ajuda a acompanhar a saúde do fígado”, diz Fernando.
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