BYD inaugura primeira fábrica de carros elétricos no Brasil nesta quinta-feira

A BYD inaugura nesta quinta-feira (2) a primeira fábrica de carros elétricos no Brasil. A instalação fica em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, na Bahia, e deve produzir 150 mil veículos eletrificados por ano na primeira fase, com expectativa de dobrar esse número.

A inauguração, marcada para às 11h30 (horário de Brasília), conta com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa. O presidente da BYD, Wang Chuanfu, e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, também estarão presentes.

Fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia, deu início à produção antes da inauguração oficial (Imagem: Olhar Digital)

BYD inaugura primeira fábrica de carros elétricos no Brasil

A fábrica fica no Polo Petroquímico de Camaçari e foi construída onde, antes, era o terreno da Ford. A empresa americana encerrou as atividades em 2021 e vendeu o espaço para o governo em 2023.

Em 2023, a BYD já estava de olho no local e, em março de 2024, o início das obras foi oficializado. A chinesa investiu R$ 5,5 bilhões no complexo, que tem 4,6 milhões de metros quadrados e deve gerar milhares de empregos diretos e indiretos. Segundo o g1, só a fábrica deve empregar até 20 mil pessoas.

Segundo a montadora, a planta abriga uma das linhas de montagens mais modernas do mundo, com tecnologia de última geração, automação inteligente e controle de todas as fases da produção. Robôs cuidam de tarefas como instalação de vidros e fixação de baterias, enquanto um sistema de sequenciamento inteligente prioriza a produção dos modelos com maior demanda — tudo em um ambiente de fricção silenciosa, que mantém os níveis de ruído abaixo de 70 decibéis.

Nova fábrica de Camaçari vai gerar 20 mil empregos (Imagem: Divulgação/BYD)

Como será a linha de produção da BYD no Brasil?

Na primeira fase, a unidade terá capacidade de produzir 150 mil veículos anualmente. Na segunda fase, serão 300 mil.

O sistema de produção é o de SKD (Semi Knocked-Down), em que as partes dos carros são produzidas no exterior e a montagem das peças é executada no Brasil. Com o tempo, a planta espera evoluir para a produção nacional por completo, incluindo pintura e soldagem.

Serão três unidades de produção dentro do polo de Camaçari:

carros eletrificados (elétricos e híbridos);

caminhões e chassis para ônibus;

processamento de insumos de baterias, como lítio e ferro fosfato.

Em julho deste ano, a montadora apresentou o primeiro BYD Dolphin Mini 100% brasileiro (Imagem: BYD/Divulgação)

Quais carros a BYD vai produzir na fábrica?

A produção inicial terá três modelos: o elétrico BYD Dolphin Mini e os híbridos BYD Song Pro (GL/GS) e BYD King (GL/GS).

O Dolphin Mini é, atualmente, o carro elétrico mais vendido no Brasil, com mais de 34 mil unidades emplacadas.

Na fábrica, a montadora também vai desenvolver um motor híbrido flex, o 1.5 DM-i, em colaboração entre cientistas chineses e brasileiros. Ele é híbrido, pensado para rodar com gasolina e etanol.

163 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à de escravidão (Imagem MPT/Divulgação)

Trajetória polêmica

Neste ano, a construção da fábrica entrou na mira do Ministério do Trabalho e Emprego após uma investigação descobrir que a montadora chinesa teve responsabilidade direta na vinda irregular de 471 trabalhadores chineses ao Brasil para atuar nas obras, incluindo 163 resgatados em condições análogas à de escravidão.

Os trabalhadores foram submetidos a condições de vida e trabalho extremamente precárias. Dormiam em camas sem colchões e não dispunham de armários, sendo obrigados a manter seus pertences misturados a ferramentas de trabalho e alimentos, tanto crus quanto cozidos. Em um dos alojamentos, havia apenas um banheiro disponível para cada 31 pessoas, segundo o governo.

Representantes da BYD, Sindipeças e Abipeças discutem nacionalização das peças da BYD (Imagem: BYD/Divulgaçãoa)

Briga de gigantes

A expansão da BYD também incomodou marcas automotivas que há anos atuam no mercado brasileiro. A empresa chinesa tem conseguido praticar valores competitivos em parte pelo seu método de fabricação, com uso de peças pré-fabricadas na China a custos mais baixos — uma prática que coloca em risco a produção nacional, na avaliação da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que pressionou por intervenção do governo.

Em julho, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços decidiu antecipar para janeiro de 2027 a cobrança de imposto de importação de 35% para veículos elétricos e híbridos, ante julho de 2028, atendendo um pedido da Anfavea. Na ocasião, a BYD divulgou uma carta provocando as concorrentes: “se os dinossauros estão gritando, é sinal de que o meteoro está funcionando.”

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A cobrança do imposto levou a montadora chinesa a lançar uma campanha com o objetivo de alcançar mais de 50% de nacionalização de partes e peças até 2027. A fábrica tem selecionado fornecedores brasileiros para desenvolver uma cadeia local de suprimentos para o complexo em Camaçari. Até lá, a linha de montagem vai operar no sistema SKD (Semi Knocked-Down).

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