Estátuas moai eram transportadas com auxílio de cordas, revela estudo

Pesquisadores descobriram um fato incomum na Ilha de Páscoa, no Chile: as estátuas humanas moai eram transportadas de um lugar para outro com a ajuda de cordas. Os monumentos foram esculpidos pelo povo Rapa Nui entre os séculos 13 e 16 para representar seus líderes. Durante anos, a questão era um mistério, mas finalmente foi desvendada.

Leia também

Ciência

Messi: estátua rara revela técnicas artísticas do Egito Antigo

Brasil

De Buda a Cristo: conheça as 10 maiores estátuas religiosas do Brasil

Mundo

Arqueólogos encontram a metade que faltava da estátua de Ramsés II

Ciência

Arqueólogos encontram túmulo preservado de múmias com línguas de ouro

O estudo foi realizado por dois pesquisadores da Universidade Binghamton e da Universidade Estadual de Nova York, ambas nos Estados Unidos, e publicado no último sábado (4/10) na revista científica Journal of Archaeological Science.

Ao todo, mil estátuas foram estudadas através de teorias físicas, modelagens 3D e experimentos em campo. Assim, foi detectado que os Rapa Nui “laçavam” os monumentos com cordas e caminhavam com eles em zigue-zague em estradas projetadas para o trajeto.

A equipe já havia demonstrado experimentalmente que as estátuas “andavam” presas por cordas até aos centros cerimoniais da época. O mais curioso é que o trajeto não era feito com as estátuas deitadas e sim posicionadas na vertical.

No entanto, era preciso colocar em prática para comprovar o fato: inicialmente, a dupla de pesquisadores criou modelos 3D de alta resolução para identificar as características das estátuas. No design, foi possível observar que os monumentos tinham bases largas em forma de “D” e eram inclinadas para a frente, facilitando o movimento de balanço e zigue-zague.

Ilustração mostra modelo de 3D feito pelos pesquisadors para puxar estátua moai com cordas

Em seguida, a ideia saiu da teoria e foi colocada em prática: os pesquisadores construíram uma réplica da estátua moai de 4,35 toneladas, com os mesmos atributos da original, e convocaram 18 pessoas para fazer a gigante se mover. Em 40 minutos, o monumento “andou” 100 metros, provando a ideia dos cientistas.

“Depois que você o põe em movimento, não é nada difícil — as pessoas puxam com um braço só. Conserva energia e se move muito rápido. A física faz sentido. O que vimos experimentalmente realmente funciona”, destaca o autor principal do artigo, Carl P. Lipo, da Universidade Binghamton, em comunicado.

Estradas ajudavam na “caminhada” das estátuas

Além do transporte com cordas, as estradas eram meticulosamente preparadas para levar as estátuas moai. Com 4,5 metros de largura e superfícies que se curvam para dentro, os caminhos eram perfeitos para estabilizar os pesados monumentos.

“Sempre que movem uma estátua, parece que estão construindo uma estrada. A estrada faz parte do processo de mover a estátua. Na verdade, vemos as duas se sobrepondo, e muitas versões paralelas delas. O que eles provavelmente estão fazendo é abrir um caminho, movê-lo, abrir outro, abrir mais um e movê-lo para a direita em certas sequências”, explica Lipo.

Por fim, os pesquisadores destacam que além de conseguir provar a teoria dos Rapa Nui, o estudo homenageou a engenharia sofisticada com recursos limitados desse povo.

“Isso mostra que o povo Rapa Nui era incrivelmente inteligente. Eles descobriram isso e fizeram de uma maneira consistente com os recursos que têm. Então, isso realmente honra essas pessoas, dizendo: vejam o que eles foram capazes de alcançar, e temos muito a aprender com eles nesses princípios”, finaliza Lipo.

Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!