E quando parece que Roma já mostrou tudo, a cidade desenterra mais um pedaço do seu passado, dessa vez literalmente. Na terça-feira (7), o Coliseu abriu uma passagem secreta que permaneceu fora do alcance de visitantes por milênios. Batizado de Passagem de Cômodo, o túnel com partes subterrâneas era usado por imperadores para chegar ao camarote imperial sem precisar atravessar a arena ou se misturar às multidões que lotavam as arquibancadas para assistir às lutas de gladiadores.
O nome Cômodo vem do antigo imperador, que reinou entre 180 e 192 d.C. e ficou conhecido tanto pela crueldade quanto pela vaidade. Retratado por Joaquin Phoenix no filme Gladiador, o governante era fascinado pelos combates da arena – a ponto de, segundo registros históricos, participar pessoalmente de alguns. Reza a lenda que ele sobreviveu a uma tentativa de assassinato em um túnel subterrâneo no próprio Coliseu, o que explicaria a associação de seu nome ao corredor recém-reaberto.
O túnel dos imperadores
Escavada entre o final do século 1 e o início do século 2, a galeria subterrânea foi um acréscimo ao projeto original do Coliseu, inaugurado em 80 d.C. O corredor ligava a área externa do anfiteatro diretamente à tribuna do imperador, ou seja, era um caminho reservado, digno da figura que comandava o Império Romano.
O túnel, com cerca de 55 metros de comprimento, foi originalmente revestido por mármore e decorado com estuques detalhados, incluindo cenas mitológicas inspiradas em Dionísio e Ariadne. Nos nichos da entrada, havia representações de espetáculos da arena, como lutas com ursos e acrobacias, que davam o tom do que acontecia sob o sol romano.
Com o tempo, a umidade subterrânea fez o mármore se perder, e ele precisou ser substituído por gesso pintado com paisagens. Mesmo assim, parte das decorações resistiu, permitindo aos arqueólogos reconstruir digitalmente a aparência original do corredor. Durante a visita, os turistas podem assistir a um vídeo de como era o espaço na antiguidade e observar detalhes em um mapa tátil, pensado para tornar o espaço mais acessível.
Um desafio de restauração
A reabertura da Passagem de Cômodo marca o fim de um ano de trabalhos conduzidos pelo Parque Arqueológico do Coliseu, que restaurou as superfícies antigas durante o período de outubro de 2024 até setembro de 2025. Foram recuperados trechos de mármore, relevos de estuque e estruturas metálicas originais, além da restauração de claraboias para iluminação e ventilação.
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O espaço também ganhou iluminação especial que simula a luz natural filtrada pelos antigos respiradouros, escada retrátil e elevador para visitantes com mobilidade reduzida. Com isso, o projeto buscou equilibrar o acesso do público com a preservação do sítio arqueológico.
Por enquanto, apenas 30 metros da passagem estão abertos ao público, com o restante previsto para inauguração até 2026. Segundo as redes sociais do Coliseu, o tour integrará o circuito Full Experience, com ingressos à venda a partir do final de outubro. Os grupos serão limitados a oito pessoas, com visitas guiadas em italiano, inglês e espanhol.
E não é a primeira vez que Roma decide desenterrar um pedaço da sua história: em agosto, foi anunciada a reabertura dos túneis subterrâneos Grottino del Campidoglio, conhecidos também como Gruta Capitolina, rede de cavernas que ficam localizadas sob a Piazza del Campidoglio. A inauguração desta atração está prevista para acontecer entre o fim de 2026 e início de 2027.
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