Gigantes, grossas e resistentes: conheça características das sequoias

Nativas dos Estados Unidos, as sequoias gigantes (Sequoiadendron giganteum) estão presentes quase que exclusivamente na região Sierra Nevada, na Califórnia. O nome científico não esconde: em volume de madeira, as árvores são consideradas as maiores do mundo. Segundo especialistas entrevistados pelo Metrópoles, algumas podem medir até 116 metros de altura e ter 11 metros de diâmetro.

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E os atributos curiosos não param por aí: as sequoias são espécies extremamente resistentes, podendo alcançar 3 mil anos de idade.

“Essa longevidade se deve à resistência a pestes, doenças e ao fogo. O fogo, aliás, ajuda as sequoias na sua reprodução, auxiliando a abrir suas pinhas e dispersar suas sementes”, destaca o biólogo Helder Nunes, pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e apoiado pelo Instituto Serrapilheira.

Nunes diz que a altura e largura da árvore também estão diretamente ligadas a uma grande capacidade de proteção. Os atributos auxiliam no sequestro do carbono, ajudando a diminuir os efeitos das mudanças climáticas e protegendo ainda mais a espécie.

As condições climáticas presentes no estado norte-americano, como baixas temperaturas e precipitações específicas, favorecem o crescimento e manutenção das sequoias. No Brasil, a espécie não é encontrada de forma natural, mas mudas podem ser achadas em partes frias do país, como no Rio Grande do Sul.

Uma das caraterísticas que mais impressiona nas sequoias é a resistência a pragas, fogo e doenças. A capacidade está intimamente ligada a atributos importantes presentes na árvore. Entre os principais, estão:

Espessura do caule

Por ter caules muito grossos, podendo chegar a 60 cm de espessura, em situações de incêndios florestais, apenas a parte externa é queimada, como se o caule agisse como um escudo protetor.

Segundo o engenheiro florestal Glêison dos Santos, a casca da sequoia é composta por uma rede de fibras entrelaçadas com grandes bolsas de ar, tornando o exterior da árvore um péssimo condutor de calor e a protegendo durante incêndios.

“Essa casca age como o colete à prova de fogo de um bombeiro, isolando o tecido vivo interno (o câmbio vascular) das altíssimas temperaturas externas. Enquanto a superfície da casca pode ficar carbonizada, o interior da árvore permanece fresco e intacto”, revela o diretor da Unidade Embrapii Fibras Florestais da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais.

Baixa inflamabilidade

Por conter pouca resina – material extremamente inflamável – em sua composição, a sequoia dificilmente é incendiada completamente. Outras árvores famosas, como pinheiros e abetos, pegam fogo com mais facilidade por ter a substância em maior quantidade.

O caule das sequoias é extremamente grosso

Pouca atrativa para pragas

Além da espessura criar barreiras contra pragas e fungos, o caule possui poucos nutrientes atrativos a insetos, como açúcares. “Ela é impregnada com taninos, compostos químicos ácidos e adstringentes. Eles são altamente tóxicos para a maioria dos insetos e fungos, dissuadindo pragas que tentariam perfurar ou decompor a madeira”, diz Santos.

Papel ecológico e ameaças ambientais

De grande porte, as sequoias influenciam diretamente na quantidade de luminosidade e umidade disponibilizada para outras espécies ao seu redor, facilitando a sobrevivência de algumas plantas vizinhas. Ela também serve de moradia para vários insetos, fungos não perigosos e liquens.

No entanto, a baixa variabilidade genética da árvore pode prejudicá-la. “Se surgir alguma doença que seja persistente nas plantas, grande parte dos indivíduos pode morrer, impactando a distribuição da espécie”, ressalta Nunes.

Apesar de ser bastante resistente a queimadas florestais, as mudanças climáticas tendem a aumentar a ocorrência de eventos climáticos mais extremos, além de alterar a temperatura e prejudicar os períodos de precipitação.

“Um aumento tão brusco pode ser extremamente danoso para as sequoias e impactar as condições ideais para a sobrevivência da espécie, fazendo com que indivíduos possam não sobreviver e que a humanidade perca esses grandiosos tesouros chamados sequoias”, finaliza o pesquisador da UFU.

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