Lendas do barrigão: mitos populares na gestação

Quem já esteve grávida sabe: não faltam crenças e superstições que atravessam gerações. “Se a barriga está alta, é menina”; “muita azia significa que o bebê nascerá cabeludo”; ou ainda, “na lua cheia, aumentam os partos”. Esses ditados passam de mãe para filha há décadas. Mas será que existe mesmo alguma verdade por trás deles?

Crenças populares sobre a gestação são transmitidas de geração em geração, muitas vezes, sem nenhuma base científica. Enquanto algumas podem até trazer conforto emocional, outras podem gerar ansiedade ou interferir em hábitos saudáveis da gestante. Conhecer a ciência por trás dessas crendices ajuda a viver a gravidez de forma mais tranquila e segura. Vamos, juntas, desvendar alguns dos mitos mais conhecidos:

Formato da barriga e sexo do bebê

Mito: o formato da barriga revela o sexo do bebê – se está alta, é menina; se está baixa, é menino.

A verdade: “Não existe nenhuma relação entre o formato da barriga e o sexo do bebê. A barriga se molda dependendo do tamanho e da posição do bebê, variando de dia para dia, especialmente no fim da gestação”, explica Luísa Braga de Castro, médica formada pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul e residente de Ginecologia e Obstetrícia pelo SUS-SP.

Segundo a especialista, fatores como a quantidade de líquido amniótico e até a postura da gestante influenciam o formato da barriga. Ou seja, o “mistério” é apenas uma coincidência visual, não um indicativo confiável do sexo do bebê. Ultrassom e exames laboratoriais continuam sendo os únicos métodos precisos para essa revelação.

Azia indica um bebê cabeludo

Mito: gestantes que sentem muita azia terão bebês com bastante cabelo.

Verdade: “Não existe nenhum estudo que comprove essa relação. Os enjoos e a azia acontecem por fatores hormonais e pelo estilo de vida da gestante, não por predisposição do bebê”, esclarece Luísa.

A médica explica que a azia costuma ser causada pelo aumento da progesterona, hormônio que relaxa o esfíncter do estômago, e pela pressão do útero em crescimento sobre o sistema digestivo. O sintoma pode ser minimizado com mudanças na dieta, alimentação em pequenas porções e acompanhamento nutricional.

Lua cheia e aumento de partos

Mito: na lua cheia, nascem mais bebês.

Verdade: Luísa conta que existem teorias que associam a gravidade à movimentação do líquido amniótico, mas reforça que não há nenhuma comprovação científica dessa relação. “A bolsa rompe e o trabalho de parto inicia independentemente da fase lunar. Pode ser coincidência que muitas mães relatem partos em noites de lua cheia, mas isso não tem base científica”, esclarece.

Saiba quais crendices populares têm algum respaldo científico e quais são apenas lendas – Crédito: FreePik

Alimentação e atividade física: o que realmente importa

Durante o pré-natal, muitas gestantes recebem conselhos contraditórios sobre dieta e exercícios. A médica destaca alguns pontos importantes:

Atividade física: repouso total só deve ser indicado em casos específicos. Quanto mais sedentária a gestante estiver, maior o risco de trombose e complicações vasculares. Exercícios leves, como caminhada ou atividades supervisionadas, trazem benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê.

Comendo por dois: completamente falso! O bebê recebe os nutrientes da mãe, mas isso não significa que ela deve dobrar a quantidade de comida. O ideal é manter uma alimentação equilibrada e nutritiva.

Nem uma gotinha!: álcool, cigarro e comidas cruas ou mal passadas oferecem riscos reais e devem ser evitados. Outros alimentos podem ser consumidos com moderação, sempre com orientação médica.

Crendices que acalmam (ou não)

Algumas pessoas acreditam que certos mitos podem acalmar a gestante ou incentivá-la a ter hábitos mais saudáveis. Mas, segundo a especialista, o melhor caminho é sempre a informação verdadeira.

“Nenhum mito traz benefício direto ou indireto. Nosso papel, como obstetra, é sermos honestos e construir uma relação de confiança com a paciente, transmitindo conhecimento científico real”, afirma Luísa. Mesmo que algumas crendices pareçam inofensivas – ou até divertidas -, elas não substituem a orientação médica segura e bem fundamentada.

A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1486, de 19 de setembro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.

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