“Lobos-terríveis” criados em laboratório serão soltos na natureza? Esse grupo defende que não

No começo do ano, a Colossal Biosciences chocou o mundo ao anunciar o nascimento de três lobos com traços genéticos do extinto “lobo-terrível”. Inicialmente chamando o caso de “desextinção”, a empresa mais tarde admitiu que os animais eram, na verdade, lobos-cinzentos com traços muito semelhantes aos de seus antepassados. No momento, não existem planos para que eles sejam soltos na natureza, mas um grupo quer garantir que eles – e qualquer outro animal ou planta recriados – não possam ser soltos.

O grupo reúne algumas das mais importantes entidades de conservação da natureza do mundo e vai colocar em votação uma moratória que será analisada na reunião da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Os defensores da proibição consideram que os perigos de organismos geneticamente modificados desequilibrarem a natureza são grandes. “Precisamos destinar recursos para estratégias de conservação da natureza que sabemos que funcionam, e não tentar trazer de volta animais que não existem mais”, disse Joann Sy, consultora científica de um grupo de conservação sediado em Paris chamado Pollinis, um dos principais patrocinadores da moratória, ao The Washington Post.

A proposta, no entanto, está longe de ser unânime. Mesmo que temporária, os opositores acreditam que a ciência da recriação de espécies pode salvar a natureza, e não prejudicá-la.

mamute Imagem: (Imagem: Aunt_Spray/iStock)

Proposta pode prejudicar a “desextinção” de espécies

“É tão enlouquecedor”, disse Ryan Phelan, cofundador e diretor-executivo da organização sem fins lucrativos Revive & Restore, que se opõe à pausa. O grupo teme que a proposta interrompa o financiamento a essas iniciativas. “A moratória realmente interromperia o avanço da ciência.”

Ele disse ainda que os “financiadores, filantropos, investidores e reguladores” necessários para tirar os projetos do papel “são todos avessos ao risco”.

O grupo que pede a moratória quer que a proposta proíba “organismos selvagens geneticamente modificados em ecossistemas naturais”, argumentando que mais pesquisas precisam ser feitas antes que quaisquer criaturas modificadas cheguem à natureza.

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Caso seja aprovada, a moratória irá vigorar até que a UICN vote de maneira definitiva. É uma proibição provisória, mas que pode se tornar permanente.

Se for aprovada, os cientistas ainda poderão desenvolver as espécies, mas precisarão de uma futura revogação da proposta para soltar os animais na natureza. A Pollinis afirma que evidências futuras sobre a segurança da soltura desses animais podem revogar a medida.

Romulus e Remus, criados em laboratório pela Colossal Biosciences, ainda recém-nascidos. A empresa se refere a eles como a “ressuscitação” do lobo-terrível. Crédito: Colossal Biosciences

Colossal e seus animais recriados estão na reta

Matt James, chefe de animais da Colossal, teme que a moratória, se aprovada, dificulte obter apoio público e financeiro para os esforços de “desextinção”.

“Seria muito negativo do ponto de vista de relações-públicas, e do ponto de vista de investimento em tecnologia”, disse James, ao jornal americano.

A UICN é a maior e mais diversa rede global de organizações dedicadas à conservação do meio ambiente, sendo a ferramenta de conservação mais conhecida e utilizada no mundo. É um banco de dados abrangente que avalia o risco de extinção de milhares de espécies de animais e plantas.

É ela, por exemplo, que classifica o grau de vulnerabilidade de espécies. Por isso, uma decisão sua sobre os animais recriados pode ter um impacto global.

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