Vacina contra bronquiolite chega ao SUS em novembro

A partir de novembro, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador da bronquiolite em bebês. A doença é responsável por 80% dos casos de bronquiolite e 60% das pneumonias em crianças menores de dois anos. O novo imunizante será destinado a gestantes e tem como objetivo proteger os recém-nascidos logo após o parto.

Imunização começa com gestantes

A aplicação da vacina segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS): uma dose a partir da 28ª semana de gestação. O Ministério da Saúde estima que cerca de 2 milhões de bebês sejam beneficiados em 2025, já que a imunização materna transfere anticorpos diretamente para o feto, protegendo o bebê nos primeiros meses de vida, período mais vulnerável às infecções respiratórias.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a iniciativa representa um avanço duplo. “É uma proteção para a gestante e para o recém-nascido, e, ao mesmo tempo, garante transferência de tecnologia, incorporação de inovação e geração de emprego e conhecimento no país”, afirmou.

O acordo entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer prevê a entrega das primeiras 1,8 milhão de doses ainda neste ano, com início da distribuição em novembro. As primeiras 832,5 mil doses serão enviadas às secretarias estaduais de saúde na segunda quinzena do mês, e outras 1 milhão devem ser entregues até dezembro.

Vacina contra bronquiolite chega ao SUS. Foto: FreePik

Aumento de casos preocupa especialistas

O vírus sincicial respiratório tem provocado surtos fora da época esperada desde a pandemia de Covid-19. Em 2025, os casos em bebês aumentaram 52% em comparação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o boletim InfoGripe, da Fiocruz. Até setembro, foram 33.485 registros em crianças de até dois anos.

A cada cinco crianças infectadas pelo VSR, uma precisa de atendimento médico e, em média, uma em cada cinquenta é hospitalizada no primeiro ano de vida. O risco é especialmente alto entre os prematuros, cuja mortalidade chega a ser sete vezes maior que a de bebês nascidos a termo.

Produção nacional e tecnologia de ponta

A vacina utilizada será a Abrysvo, desenvolvida pela Pfizer e aprovada pela Anvisa em 2024. O imunizante é feito com vírus inativado, sem partículas vivas, e não apresentou efeitos colaterais significativos nos estudos iniciais. A produção será transferida gradualmente ao Instituto Butantan, garantindo autonomia ao país.

O Brasil também estuda incorporar o anticorpo monoclonal Beyfortus (nirsevimabe), desenvolvido pela Sanofi, indicado para recém-nascidos e crianças até 24 meses. Diferente da vacina, ele oferece proteção imediata, pois já contém o anticorpo pronto para neutralizar o vírus.

Antes da Abrysvo, a única opção disponível no SUS era o palivizumabe, restrito a bebês prematuros extremos ou com doenças cardíacas e pulmonares graves.

A previsão do Ministério da Saúde é que a vacina contra o VSR possa prevenir cerca de 28 mil internações por ano e reduzir significativamente os casos graves de bronquiolite e pneumonia. 

Como prevenir a bronquiolite

Além da vacinação, medidas simples ajudam a evitar o contágio:

Higienizar as mãos com frequência.

Evitar contato de bebês pequenos com pessoas gripadas ou tossindo.

Manter os ambientes bem ventilados.

Cumprir o calendário de imunizações recomendado.

Resumo:
A vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) começará a ser distribuída pelo SUS em novembro. Aplicada em gestantes, ela protege os bebês contra bronquiolite e pneumonia nos primeiros meses de vida. O imunizante da Pfizer, produzido em parceria com o Instituto Butantan, deve reduzir em até 28 mil o número de internações infantis por ano.

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