Após ameaçar China, Trump recua e mercado retoma fôlego

A semana deve começar agitada no mercado financeiro após o tombo nas bolsas americanas em mais um capítulo da guerra tarifária entre Estados Unidos e China. Neste domingo (12), o presidente Donald Trump tranquilizou os investidores ao afirmar que as relações comerciais com os chineses “ficarão bem”. 

“Não se preocupem com a China, vai ficar tudo bem! O respeitadíssimo Presidente Xi acaba de passar por um momento ruim. Ele não quer uma Depressão para o seu país, e eu também não”, escreveu Trump no Truth Social. “Os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la.” 

Após a publicação, os futuros de ações nos EUA subiram: Dow Jones, 0,8%; S&P 500, 1%; e Nasdaq, 1,2%, segundo a CNBC. Na última sexta-feira (10), o Dow Jones perdeu 2,7%, a Nasdaq recuou 2,5% e a S&P 500 caiu 2,4% — a queda na S&P 500 foi a maior desde abril, quando Trump anunciou as primeiras tarifas.

Empresas de tecnologia perderam US$ 770 bilhões (4,2 trilhões) em capitalização de mercado (Imagem: Urbanscape/iStock)

O que aconteceu?

Na semana passada, o Ministério do Comércio chinês anunciou que exportações de minerais de terras raras estarão sujeitas a novas regras e incluiu cinco novos elementos na lista de controles rígidos de exploração. O objetivo é “salvaguardar a segurança nacional”, como informou o Olhar Digital

Para o presidente americano, as mudanças são “muito hostis” para empresas americanas que dependem da importação de minerais extraídos em solo chinês. “Com base no fato de que a China assumiu essa posição sem precedentes… os Estados Unidos da América imporão uma tarifa de 100% à China, além de qualquer tarifa que eles estejam pagando atualmente”, publicou Trump em resposta, abalando o mercado financeiro.

Trump também ameaçou cancelar o encontro já planejado com o presidente Xi Jinping durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), que começa em 31 de outubro. A reunião será realizada poucos dias antes do fim do prazo na trégua de 90 dias para o início das tarifas americanas sobre importações chinesas.

Trump também ameaçou cancelar o encontro já planejado com o presidente Xi Jinping (Imagem: Joshua Sukoff/Shutterstock)

“A questão principal que todo homem e seu cachorro estão tentando responder é se essa é uma ameaça crível, que o governo Trump pode levar adiante, ou se esse é outro exemplo da estratégia de ‘escalar para desescalar’ que Trump usou com tanta frequência no início do ano”, disse Michael Brown, estrategista sênior de pesquisa da corretora Pepperstone, ao jornal The Guardian.

Neste domingo, um porta-voz do Ministério do Comércio da China se manifestou em uma nota divulgada pela agência de notícias estatal Xinhua. “Ameaças deliberadas de tarifas elevadas não são a maneira certa de se relacionar com a China. A posição da China sobre a guerra comercial é consistente. Não a queremos, mas não temos medo dela.”

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Big techs sofrem

O comentário de Trump sobre as novas tarifas eliminou US$ 2 trilhões (R$ 11 trilhões) em valor de mercado na sexta-feira. Amazon, Nvidia e Tesla caíram cerca de 2% no pregão após a publicação do presidente. Juntas, empresas de tecnologia perderam US$ 770 bilhões (4,2 trilhões) em capitalização de mercado, informou a CNBC.

A Nvidia, que se tornou a primeira empresa a atingir valor de mercado de US$ 4,5 trilhões (R$ 24,8 trilhões), em setembro, viu sua capitalização cair quase US$ 229 bilhões (R$ 1,2 trilhões). Já na Microsoft, o impacto foi de US$ 85 bilhões (R$ 469 bilhões), enquanto a Amazon perdeu US$ 121 bilhões (R$ 668 bilhões) em valor durante o dia.

Amazon, Nvidia e Tesla caíram cerca de 2% no pregão após a publicação do presidente (Imagem: Galeanu Mihai/iStock)

“As ações de tecnologia estiveram em destaque na liquidação, com os investidores temendo que a situação entre EUA e China possa abalar significativamente a tese da Revolução da IA ​​e nos levar de volta aos dias sombrios de abril”, escreveu Dan Ives, chefe global de pesquisa em tecnologia da Wedbush Securities, em nota.

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