Fenda na África pode dividir continente em dois e criar novo oceano

Cientistas reforçam que o leste da África passa por um processo geológico de fragmentação que, ao longo de milhões de anos, pode dividir o continente em duas grandes massas.

O fenômeno ocorre no Grande Vale do Rift, região que se estende por mais de 3 mil quilômetros — do Golfo de Áden, no nordeste, até Moçambique, no sudeste — e abriga uma série de falhas, vulcões ativos e áreas onde a crosta terrestre está sendo lentamente esticada.

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Um estudo publicado em 2023 na revista Scientific Reports mostrou que as rachaduras visíveis na superfície do Quênia estão ligadas a fraturas profundas na crosta terrestre, conectadas por canais por onde circulam gases e fluidos vindos do interior do planeta.

Segundo os pesquisadores, essas fissuras são resultado de um processo de deformação que vem se intensificando na região e estão associadas ao início de uma nova fase de separação continental.

Um estudo mais recente, publicado em 15 de agosto (15/8) na Nature Geoscience, apontou que o magma sobe pela crosta da Etiópia em um ritmo muito mais rápido do que se imaginava.

Esse trânsito acelerado de material magmático indica que a região é extremamente ativa e que a energia interna da Terra está continuamente remodelando o terreno. Os autores afirmam que compreender essa dinâmica é essencial para prever a evolução do Rift e o comportamento dos vulcões locais.

Criação de um novo oceano

De acordo com os estudos, o processo de separação do continente africano é lento, irregular e ainda em estágios iniciais, mas representa uma oportunidade única de observar a formação de um novo oceano.

O afastamento entre as placas tectônicas Nubiana e Somaliana ocorre a uma taxa média de sete milímetros por ano, e os cientistas acreditam que, se essa dinâmica continuar, o Oceano Índico poderá invadir a fenda no futuro, criando uma nova bacia oceânica.

No entanto, os pesquisadores alertam que esse processo levará milhões de anos e não representa perigo imediato para as populações locais. O que hoje se vê — rachaduras no solo, atividade vulcânica e leves tremores — são manifestações superficiais de um mecanismo profundo e contínuo que vem moldando o planeta desde sua origem.

Segundo os autores, acompanhar o Vale do Rift é como assistir, em tempo real, ao nascimento de um oceano, um fenômeno raríssimo de ser observado durante a história humana.

Ainda que a separação total da África seja um evento distante, as evidências científicas mostram que a base desse futuro oceano já está sendo construída silenciosamente.

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