O chá de cambuí, feito a partir das folhas ou dos frutos da planta nativa do Cerrado e da Mata Atlântica, vem despertando o interesse de quem busca opções naturais para cuidar da saúde.
Tradicional em várias regiões do país, o cambuí — nome popular que designa espécies do gênero Myrciaria, da mesma família da goiaba e da jabuticaba — é descrito pela Embrapa como uma planta rica em compostos bioativos e antioxidantes, o que ajuda a explicar seu uso frequente em infusões caseiras.
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Pesquisas recentes reforçam esse potencial. Um estudo publicado na revista científica Springer Nature em 26 de setembro analisou extratos das folhas de Myrciaria floribunda e observou ação antioxidante e anti-inflamatória em experimentos laboratoriais e com animais.
Os pesquisadores notaram que o extrato reduziu substâncias associadas a processos de inflamação e dor. Apesar dos resultados promissores, o estudo ainda é preliminar — os efeitos em humanos não foram testados pelos cientistas.
Assim como outras bebidas naturais, o chá de cambuí pode ser uma forma de aproveitar compostos que ajudam o corpo a lidar com o estresse oxidativo. De acordo com a nutricionista Juliana Viegas, o cambuí é rico em antioxidantes, especialmente flavonoides e vitamina C.
“Esses compostos ajudam a proteger as células do corpo contra os danos causados pelos radicais livres. Além disso, podem contribuir para o fortalecimento do sistema imunológico e até para a proteção cardiovascular”, explica.
Como preparar o chá de cambuí
Para preparar a infusão, utilize 1 colher (sopa) de folhas secas ou pedaços do fruto para cada xícara de água.
Ferva a água e, depois de desligar o fogo, adicione o cambuí.
Tampe e deixe em infusão por cerca de 10 minutos.
Coe e consuma morno, até duas vezes ao dia, sem adoçar ou com um toque de mel, se preferir.
Segundo o nutricionista Eduardo Lustosa, o modo de preparo faz toda a diferença: “Não adianta só colocar qualquer folha na água quente e esperar milagre. Se o chá for feito também com os frutinhos do cambuí, ganha sabor adocicado e mais antocianinas, que ajudam a combater o envelhecimento precoce.”
Ramos com frutos de Myrciaria floribunda, conhecida popularmente como Cambuí
Essas características se somam a outros possíveis benefícios associados às infusões, como sensação de bem-estar, leveza e conforto digestivo. De acordo com Lustosa, o chá de cambuí pode até substituir outras bebidas funcionais, como o chá-verde ou a camomila, dependendo do objetivo.
“Se o foco for relaxar, ajudar na digestão, reduzir inchaço ou dar uma limpada no organismo, ele pode entrar tranquilamente no lugar desses chás mais conhecidos. Além disso, tem ação antioxidante sem o risco de causar insônia, já que não contém cafeína.”
Viegas reforça, porém, que o consumo deve ser feito com moderação. “Em grandes quantidades, qualquer planta pode causar efeitos indesejados, como irritação no estômago ou enjoo”, ensina.
Pessoas que usam medicamentos contínuos, gestantes e quem tem doenças crônicas precisam conversar com um profissional de saúde antes de incluir o chá na rotina. O ideal é usá-lo como complemento à alimentação, não como substituto de tratamentos médicos.
Enquanto novas pesquisas buscam entender melhor os efeitos do cambuí no organismo humano, a bebida se mantém como parte da tradição brasileira, reunindo sabor, aroma e um toque de cuidado natural.
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