Outubro Rosa: nódulo nem sempre é câncer — e a ciência traz novas esperanças no combate à doença

Descobrir um nódulo na mama é sempre motivo de apreensão. No entanto, nem todo “caroço” é sinal de câncer. De acordo com o mastologista Rodrigo Freitas, da Clínica Elsimar Coutinho, compreender as características dos nódulos é essencial para agir com tranquilidade e buscar o diagnóstico correto. “Os nódulos mamários podem ser benignos ou malignos. Saber reconhecê-los ajuda a reduzir a ansiedade e buscar o tratamento adequado”, explica.

Os nódulos benignos, como fibroadenomas e cistos mamários, são os mais comuns. Costumam ser lisos, móveis e indolores, e não representam risco de câncer. Já os malignos tendem a ser duros, fixos, com bordas irregulares e, em alguns casos, provocam retrações na pele ou secreção com sangue pelo mamilo.

Segundo o médico, é importante estar atenta a sinais de alerta, como assimetrias nas mamas, alterações na pele ou histórico familiar da doença. O fibroadenoma costuma aparecer em mulheres jovens, até os 35 anos, enquanto o cisto mamário é mais frequente na pré-menopausa. Há também lesões inflamatórias, lipomas e papilomas, que precisam ser avaliados com exames de imagem, como ultrassonografia e mamografia.

Nem sempre é preciso operar

A remoção dos nódulos nem sempre é necessária. “Na maioria dos casos, o acompanhamento com ultrassonografia é suficiente. A cirurgia só é indicada quando o nódulo cresce rapidamente, causa dor ou gera dúvida diagnóstica”, orienta Rodrigo.

Entre os fatores que contribuem para o surgimento de alterações mamárias estão oscilações hormonais, herança genética, obesidade, consumo de álcool e sedentarismo. Por outro lado, manter o peso adequado, praticar atividade física e ter uma alimentação equilibrada ajudam na prevenção.

O autoexame também é uma ferramenta importante, mas não substitui os exames de imagem. O ideal é fazê-lo cerca de uma semana após a menstruação, quando as mamas estão menos sensíveis. “O câncer de mama tem cura em mais de 90% dos casos quando detectado no início”, reforça o especialista.

Novas armas contra o câncer de mama

O Outubro Rosa também é um momento para celebrar os avanços da ciência. Estudos recentes mostram caminhos animadores no diagnóstico e tratamento do câncer de mama — que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é o tipo mais incidente entre mulheres no Brasil, com cerca de 74 mil novos casos por ano.

No país, pesquisadores da Fiocruz Minas descobriram que nanopartículas de óxido de ferro podem impedir a multiplicação das células tumorais e dificultar a metástase, sem causar danos ao organismo. O estudo, publicado na revista Cancer Nanotechnology, aponta para o desenvolvimento de terapias mais específicas e menos invasivas.

Outra inovação vem da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde um grupo realizou, pela primeira vez em um hospital público, um procedimento de crioablação — técnica minimamente invasiva que congela e destrói tumores com nitrogênio líquido. A primeira etapa do estudo, com 60 casos, obteve eficácia de 100% em tumores menores de dois centímetros.

Já na área tecnológica, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um modelo de inteligência artificial que reduz em até 99% os falsos negativos em diagnósticos de câncer de mama, aumentando a precisão de exames e evitando que tumores passem despercebidos.

Nem todo nódulo na mama é câncer. Foto: FreePik

Avanços internacionais

No cenário global, a combinação entre radiologistas e sistemas de inteligência artificial tem aumentado em 8,4% a detecção de tumores, segundo pesquisa feita na Holanda com mais de 41 mil mamografias. Na China, um sistema de termografia infravermelha acoplado a smartphones promete facilitar o rastreamento precoce, permitindo que mulheres verifiquem seu nível de risco por meio de um aplicativo.

Nos Estados Unidos, o National Cancer Institute (NCI) investe em novas técnicas, como mamografia 3D, uso de contraste em exames e análises sobre a rigidez mamária como marcador precoce. Todos esses esforços reforçam o mesmo objetivo: identificar o câncer de mama cada vez mais cedo e tratar de forma mais eficaz e personalizada.

Resumo:
Nem todo nódulo mamário é câncer, mas todo sinal merece atenção. A boa notícia é que, além dos avanços em diagnóstico e tratamento, a ciência brasileira e mundial tem aberto caminhos promissores, tornando o futuro do combate ao câncer de mama mais preciso e menos invasivo. Informação e prevenção continuam sendo as maiores armas das mulheres na luta contra a doença.

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