Pela primeira vez, pesquisadores flagraram uma aranha-viúva-falsa-nobre (Steatoda nobilis) se alimentando de um musaranho-pigmeu (Sorex minutus). Porém, um fato chamou atenção de pesquisadores no ataque: medindo cerca de 5 cm de comprimento, os musaranhos são animais significamente maiores que as aranhas, que tem 1,4 cm, além de ser 10 vezes mais pesados.
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Intrigados com o registro, pesquisadores realizaram um estudo de caso através de observações e análises dos restos mortais do musaranho. A pesquisa liderada pela Universidade de Galway, na Irlanda, foi publicada na revista científica Ecosphere em 2023.
Segundo a investigação, o aracnídeo habitualmente se alimenta de vertebrados maiores que ela, como musaranhos, lagartos e morcegos, através de seu veneno e teia.
A espécie é nativa da Ilha da Madeira, em Portugal, e das Ilhas Canárias, na Espanha, mas tornou-se uma espécie invasora em outras partes do mundo. Apesar de venenosa, a viúva-falsa-nobre não representa perigo para humanos, pois não é agressiva e sua toxicidade não é mortal para a nossa espécie.
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O flagra do ataque
Em 2022, uma das pesquisadoras flagrou a aranha predando um grande animal do lado de fora de uma janela e registrou o momento. O caso ocorreu na cidade de Chichester, no sul da Inglaterra. Análises posteriores dos restos mortais confirmaram que tratava-se de um musaranho.
Apesar de quase não se movimentar, o mamífero estava vivo quando ficou preso nas teias. De acordo com os pesquisadores, a movimentação limitada está ligada ao veneno do aracnídeo, que pode causar paralisia neuromuscular rápida.
Após envená-lo, a aranha se moveu para frente e para trás entre o musaranho e as vigas da janela, utilizando a teia para içá-lo a cerca de 25 cm da superfície. Cerca de 20 minutos depois, a viúva-falsa-nobre levou o mamífero para seu esconderijo e se alimentou dele por três dias, descartando restos mortais, como pele, ossos e pelo.
“Esta observação demonstra ainda que a aranha é perfeitamente adaptada para abater presas grandes, combinando veneno potente, seda extremamente forte e comportamento de caça complexo”, destaca o autor principal do estudo, Michel Dugon, zoólogo da Universidade de Galway, em comunicado.
Ainda não está claro como a captura ocorreu, mas os pesquisadores ressaltam que as chances de ter sido um acidente são mínimas. Novos estudos serão necessários para entender como funciona o mecanismo de ataque do aracnídeo.
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