Vazamentos de metano no fundo do mar se multiplicaram, revela estudo

Pesquisadores identificaram vários vazamentos de metano no Mar de Ross, uma baía na costa sul da Antártida. Provavelmente causado pelo aquecimento global, o escoamento do gás pode acelerar ainda mais o fenônemo climático. O estudo foi realizado por pesquisadores internacionais e publicado no início de outubro na revista científica Nature Communications. 

Assim como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) também mantém calor na atmosfera. Porém, nos primeiros 20 anos após ser liberado na atmosfera, o gás retém quase 80 vezes mais calor que o CO2, sendo um fator muito potente a curto prazo para o aquecimento global.

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Grande parte das emissões de metano está associada a atividades humanas, como agricultura e queima de combustíveis. O restante está ligado a fontes naturais, como o derretimento de permafrost. Especialistas avaliam que a elevação da temperatura cria um ciclo preocupante para o futuro: à medida que o calor aumenta, mais fontes naturais liberam CO2 e CH4, impactando ainda mais o aquecimento global.

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O objetivo era investigar infiltrações localizadas entre cinco e 240 metros abaixo da superfície do mar. Através do uso de levantamentos acústicos, mergulhadores e um veículo operado remotamente (ROV), foram identificados vários vazamentos no Mar de Ross.

A expectativa era encontrar apenas um escoamento detectado anteriormente. “No ano passado, fomos ao Cabo Evans para observar uma pequena área onde bolhas de gás haviam sido descobertas e esperávamos encontrar aquele local ainda borbulhando. Em vez disso, encontramos dezenas de outross”, revela a autora principal do estudo, Sarah Seabrook, em comunicado.

Ainda não foi possível identificar o que causou o aumento do vazamento, porém especula-se que a situação está ligada ao aquecimento global. Também não está claro o quanto de metano está atingindo a atmosfera terrestre e a quantidade que ainda permanece presa no gelo.

De acordo com os pesquisadores, é essencial ter essas informações o mais breve possível, pois o avanço do fenômeno pode acelerar o aquecimento global, aumentar a acidificação dos oceanos e até alterar os ecossistemas marinhos em pouco tempo. Esforços internacionais coordenados serão necessários.

“Se essas infiltrações continuarem surgindo nas áreas em que estamos trabalhando, surge a pergunta: como será o ambiente costeiro raso da Antártida daqui a cinco ou 10 anos? Este sistema está mudando rapidamente diante dos nossos olhos de um ano para o outro”, alerta Sarah.

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