Você já deve ter percebido que, ao fazer buscas por um determinado produto ou serviço, começa a receber uma enxurrada de anúncios relacionados.
É assim que os algoritmos funcionam. Eles identificam o tema da pesquisa para oferecer anúncios personalizados, de acordo com o interesse do usuário. E, obviamente, isso também ocorre quando uma mulher começa a pesquisar assuntos relacionados à gravidez.
Anúncios personalizados causam angústia e sofrimento
Anúncios direcionados fazem parte da estratégia comercial das mídias sociais e, na maioria das vezes, oferecem uma experiência satisfatória. Mas e quando acontece exatamente o contrário?
Foi o caso de Sammi Claxon, que descreveu à BBC como se sentiu ao ver anúncios relacionados a bebês após sofrer um aborto espontâneo.
Assim que você recebe o resultado positivo, você se sente como uma mãe. Você tem esse plano para o futuro na cabeça e, quando isso te é tirado, é horrível.
Sammi Claxon em entrevista à BBC
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Ao procurar as redes sociais em busca de apoio, Sammi foi bombardeada por anúncios relacionados à gravidez, o que a levou a se afastar das redes para preservar sua saúde mental.
Facebook cessa o envio de anúncios usando dados pessoais
O caso de Sammi não é isolado. Tanya O’Carroll também foi impactada por anúncios personalizados no Facebook ao descobrir que estava grávida.
Ela afirma à BBC que se sentiu irritada e moveu uma ação judicial contra o Facebook, argumentando que o sistema de publicidade da empresa se enquadra na definição de marketing direto do Reino Unido, garantindo aos usuários o direito de se opor ao recebimento desses anúncios.
A Meta tentou refutar a tese, afirmando que os anúncios são direcionados a grupos e não a indivíduos, portanto, não se enquadrariam como marketing direto. A Autoridade de Proteção de Dados do Reino Unido discordou. Tanya afirma que a empresa parou de usar seus dados para direcionar anúncios, mas ela é um caso único entre mais de 50 milhões de usuários da rede no Reino Unido.
Meta oferece um modelo de assinatura para evitar o envio de anúncios
São inúmeros os casos que mostram que mulheres que perderam seus bebês continuam sendo impactadas por propaganda. São anúncios de aplicativos de acompanhamento e produtos de maternidade que apenas fazem com que se lembrem da dor que sentiram.
Para tentar resolver a situação, a Meta anunciou que lançaria um serviço de assinatura para usuários do Reino Unido que não querem ver anúncios, no valor de 2,99 libras (R$ 22) por mês, obrigando famílias a pagar para não serem impactadas por anúncios indesejados.
Além disso, a empresa explica que os usuários podem bloquear o acesso a tópicos de anúncios que não desejam receber. No entanto, esses tópicos são considerados insuficientes, principalmente por não incluir a opção “gravidez”. Desativar a categoria mais próxima, “parentalidade”, parece não resolver.
Usuários indicam que continuam recebendo propaganda voltada para gravidez, mesmo tendo bloqueado a opção e marcado os anúncios como spam.
Marcar conteúdo como spam não funciona
Ex-funcionários da Meta explicaram à BBC que o sistema de marcação de conteúdo como spam muitas vezes não funciona, e que a prioridade da empresa é aumentar o engajamento e a receita.
Eles adoram dizer que se importam, mas o que importa é atrair mais usuários para suas plataformas, para que possam ganhar mais dinheiro.
Arturo Bejar, ex-funcionário da Meta, à BBC
Bejar explica que, em alguns casos, “os relatórios de ajuda estavam sendo descartados porque eram muitos”.
Em resposta, um porta-voz da Meta afirmou: “Nossos sistemas são projetados para compartilhar o conteúdo mais relevante e útil, mas não são perfeitos e alguns anúncios podem ocasionalmente parecer insensíveis ou mal colocados.”
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