Entre as bebidas mais consumidas no Brasil, o café ocupa uma posição de destaque. Presente em diferentes momentos do dia, ele não é bom apenas para te manter acordado, sendo ótimo para o funcionamento hepático: pesquisas indicam que o consumo regular da bebida quente pode reduzir a gordura no fígado e proteger o órgão contra doenças mais graves.
A chamada esteatose hepática, popularmente conhecida como gordura no fígado, atinge de 20% a 30% da população. Ela aumenta o risco até de câncer hepático e de complicações no funcionamento cardíaco, por isso, o problema não deve ser ignorado.
A endocrinologista Marília Bortolotto, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), explica que a gordura no fígado pode esconder cenários graves.
“A esteatohepatite é quando há inflamação associada, podendo evoluir ao longo dos anos para fibrose, com cirrose e até câncer de fígado”, afirma.
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O que é gordura no fígado?
Popularmente chamada de gordura no fígado, a esteatose hepática acontece quando as células do órgão acumulam gordura em excesso.
Nos estágios iniciais, a condição costuma ser silenciosa e não apresenta sintomas evidentes.
À medida que progride, porém, podem surgir dores abdominais na parte superior direita do abdômen, cansaço, fraqueza, perda de apetite, aumento do fígado, inchaço na barriga, dor de cabeça frequente e dificuldade para perder peso.
As principais causas estão relacionadas à obesidade, ao diabetes, ao colesterol alto e ao consumo excessivo de álcool.
A doença é mais comum em mulheres sedentárias, já que o hormônio estrogênio favorece o acúmulo de gordura no fígado. Ainda assim, pessoas magras, que não bebem, e até crianças também podem desenvolver a condição.
Café ajuda a reduzir gordura no fígado?
Neste contexto, o café aparece como aliado do fígado, já que a bebida pode exercer papel protetor contra o avanço dessas condições. “Pesquisas mostram que o consumo moderado ao longo de muitos anos pode oferecer proteção contra fibrose e câncer de fígado”, explica a médica.
Isso ocorre porque os compostos bioativos presentes na bebida como a cafeína, o ácido clorogênico e os polifenóis ajudam a combater inflamações e o acúmulo de gordura nas células hepáticas. Esses elementos neutralizam os chamados radicais livres, substâncias que causam estresse oxidativo e danificam o fígado.
O café apresenta alta concentração de antioxidantes, bem como efeito contra fibrose e formação de células neoplásicas. Ainda atua como estimulador da autofagia celular, o que promove renovação das células.
Quantidade e modo de consumo
A endocrinologista recomenda, porém, moderação no consumo, limitando a ingestão de café a de uma ou duas xícaras de café coado por dia. Cafés mais intensos, como o expresso, devem ter o consumo ainda mais limitado.
O máximo sugerido de ingestão de cafeína ao dia pela Food and Drug Administration (FDA), agência de saúde dos Estados Unidos, é de três a quatro xícaras por dia, o que equivale a cerca de 400 miligramas de cafeína.
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Rico em cafeína, o café dá energia e melhora a concentração
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O ideal é consumir de manhã ou no início da tarde
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O café é considerado um ótimo aliado para reduzir o acúmulo de gordura no fígado
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Atenção com os excessos: café demais pode aumentar muito o cortisol e comprometer o organismo
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Atenção aos horários e aos riscos
A bebida deve ser consumida preferencialmente coada e sem açúcar, para evitar problemas como o diabetes. Além disso, como o café estimula a produção de cortisol, especialistas sugerem que o consumo ocorra entre 9h30 e 11h, quando os níveis do hormônio começam a cair naturalmente. A última xícara deve ser ingerida até seis horas antes de dormir.
A bebida também não deve ser vista como tratamento isolado. É preciso respeitar as recomendações de seu médico quanto ao tratamento da esteatose hepática, lembrando que a doença está associada a maior risco cardiovascular, especialmente em pessoas com diabetes e pré-diabetes.
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