Gordura ‘invisível’ pode elevar o risco de infarto, revela estudo

O uso exclusivo do índice de massa corporal (IMC) como medida de saúde metabólica pode não ser o ideal para identificar os riscos cardiovasculares. Pelo menos é o que aponta um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá.

A equipe afirma que o acúmulo de gordura no abdômen e no fígado, mesmo em pessoas aparentemente saudáveis, está associado a danos nas artérias e pode elevar o risco de derrame e infarto. Por isso, os cientistas propõem uma mudança na forma como médicos avaliam os riscos ligados à obesidade.

O acúmulo de gordura no fígado pode desencadear inflamações que evoluem para doenças graves (Imagem: Kateryna Kon/Shutterstock)

Espessamento e obstrução das artérias carótidas

No trabalho, os pesquisadores analisaram exames de ressonância magnética e dados clínicos de mais de 33 mil adultos no Canadá e no Reino Unido.

Eles identificaram que a gordura visceral, que se acumula em torno dos órgãos, e a gordura hepática, armazenada no fígado, estão fortemente associadas ao espessamento e à obstrução das artérias carótidas, responsáveis por levar sangue ao cérebro.

Essas alterações são importantes marcadores de risco para doenças cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC).

O efeito persistiu mesmo após o ajuste de fatores como colesterol, pressão arterial e estilo de vida.

As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Communications Medicine.

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É preciso identificar onde a gordura está concentrada

Ainda segundo os responsáveis pela pesquisa, duas pessoas com exatamente o mesmo peso podem ter riscos cardiovasculares muito diferentes. Eles explicam que isso depende de onde a gordura está concentrada.

Nem sempre é possível saber, apenas olhando, se alguém tem gordura visceral ou hepática. Esse tipo de gordura é metabolicamente ativo e perigoso, ligado à inflamação e ao dano arterial mesmo em quem não está visivelmente acima do peso.

Sonia Anand, uma das autoras do estudo

IMC não é o bastante para avaliar os riscos cardiovasculares (Imagem: khomkrit sangkatechon/Shutterstock)

A partir destas conclusões, os pesquisadores defendem que políticas de prevenção cardiovascular considerem a gordura oculta como fator de risco independente. Isso significa ir além do IMC, incluindo avaliações de distribuição de gordura por imagem em exames de rotina, especialmente em adultos de meia-idade.

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