Missão chinesa encontra meteorito “molhado” no lado oculto da Lua

Cientistas chineses identificaram partículas de poeira de um tipo raro de meteorito nunca achado na Lua, o condrito carbonáceo do tipo Ivuna (condrito CI). O material foi coletado durante a missão Chang’e-6, realizada pela Administração Espacial Nacional da China entre maio e junho de 2024.

O condrito CI é um tipo de meteorito antigo, formado nos primeiros anos do Sistema Solar. Ele contém carbono, água e moléculas orgânicas em sua composição. Por ser do tipo IC, é considerado um dos tipos mais “molhados” de meteorito, podendo ser composto por até 20% de água.

Esta é a primeira evidência que asteroides ricos em água atingiram a Lua há bilhões de anos. O fato reforça a teoria de que meteoritos antigos podem ter trazido água e compostos orgânicos para a Terra e para o satélite natural.

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Cientistas exploram o lado oculto da Lua

O objetivo da missão chinesa era coletar amostras do lado oculto do satélite natural da Terra. A descoberta foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences nessa segunda-feira (20/10).

É raro encontrar condritos CI na Terra – menos de 1% dos meteoritos achados no nosso planeta é desse tipo. Isso acontece porque o material é frágil, macio e poroso. Ao entrar em contato com a atmosfera terrestre, ele se desmancha com mais facilidade.

Os cientistas também não esperavam encontrar os fragmentos na Lua. Mesmo não tendo atmosfera, o condrito CI entra na superfície em alta velocidade, sendo geralmente vaporizados ou arremessados de volta ao espaço. Ao todo, foram detectadas sete amostras.

Análises revelam meteorito raro

Os fragmentos foram encontrados na Bacia Apollo, localizada dentro de outra bacia, a Polo Sul–Aitken. O local é conhecido por ser uma das maiores crateras da Lua. Foram analisadas mais de cinco mil amostras. As investigações foram lideradas pelos geoquímicos Jintuan Wang e Zhiming Chen, da Academia Chinesa de Ciências.

Na esperança de encontrar materiais relevantes, o foco das análises era achar olivina, um mineral comumente presente em rochas vulcânicas e meteoritos. Através de técnicas microscópicas, foram selecionados sete fragmentos quimicamente iguais à olivina dos condritos CI.

Imagem mostra fragmento de meteorito contendo olivina dos condritos CI

Foram medidas as proporções de vários elementos químicos, incluindo ferro, manganês, níquel, cromo, além dos isótopos de oxigênio e silício. Como os valores não correspondiam com os da Terra e da Lua, mas eram idênticos aos do condritos CI, os pesquisadores concluíram que os fragmentos vieram da colisão de um asteroide com o satélite natural.

Próximos passos da pesquisa espacial

Novas amostras coletadas em outras missões ajudarão a explorar a hipótese de que asteroides ricos em água atingiram a Lua há bilhões de anos. “Dada a raridade de condritos CI na coleção de meteoritos da Terra, nossa metodologia integrada para identificar materiais exógenos em amostras lunares e potencialmente outras amostras retornadas oferece uma ferramenta valiosa para reavaliar as proporções de condritos no Sistema Solar interno”, avaliam os pesquisadores no artigo.

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