O fígado é um dos órgãos mais vitais do corpo humano e, ao mesmo tempo, um dos mais silenciosos. Ele participa de quase todas as funções metabólicas do organismo — desde a digestão até a eliminação de substâncias tóxicas. Mas quando algo não vai bem, muitas vezes os sinais só aparecem em fases avançadas, o que torna o cuidado preventivo ainda mais importante.
Muito além das dietas de “detox” ou produtos que prometem limpeza interna, manter o fígado saudável depende de hábitos simples e consistentes. Alimentação equilibrada, sono regular, prática de atividade física e uso racional de medicamentos são pilares que ajudam o órgão a exercer plenamente suas funções e a se regenerar quando necessário.
Leia também
Como a saúde do fígado influencia a qualidade e a regularidade do sono
Médico explica o que fazer para reverter quadro de gordura no fígado
Homem tem metástase após transplante de fígado com câncer em SP
Estilo de vida ocidental estimula acúmulo de gordura no fígado
Por que é importante manter o fígado saudável
Responsável por processar nutrientes, produzir bile, armazenar energia e metabolizar substâncias, o fígado atua como uma “usina” metabólica. Ele ajuda a processar os nutrientes absorvidos pelo intestino, a transformar substâncias tóxicas em compostos inofensivos e produz a bile, essencial para a digestão das gorduras.
Além disso, outra função essencial é o controle dos níveis de glicose e colesterol. O fígado regula essas substâncias de acordo com a demanda do corpo, garantindo estabilidade ao metabolismo.
O órgão também fabrica proteínas fundamentais para o sangue, como a albumina e os fatores de coagulação, além de armazenar energia na forma de glicogênio, que é liberada quando o corpo precisa de combustível.
Hábitos que adoecem o fígado
O estilo de vida moderno, com excesso de ultraprocessados e pouco movimento, está entre os principais fatores de risco. Esse padrão favorece o acúmulo de gordura nas células hepáticas, condição conhecida como esteatose hepática. Ela está ligada ao sobrepeso, à resistência à insulina e pode evoluir para inflamação e fibrose.
A esteatose hepática é popularmente conhecida como gordura no fígado
Natália Trevizoli, hepatologista do Hospital Brasília, da Rede Américas, conta que o uso indevido de analgésicos e outros medicamentos também pode causar lesões hepáticas e afetar a capacidade regenerativa do órgão. Por isso, qualquer medicação deve ser usada com orientação médica.
“O fígado tem uma capacidade notável de regeneração, mas ela não é ilimitada. Agressões repetidas — como o consumo frequente de álcool ou o uso contínuo de medicamentos hepatotóxicos — comprometem essa regeneração. Casos de uso inadequado de paracetamol, anabolizantes e suplementos são exemplos de situações em que o fígado pode sofrer danos graves”, detalha.
Rotina saudável é o principal tratamento preventivo
Cuidar do fígado exige hábitos consistentes e equilibrados. Uma alimentação rica em frutas, legumes, verduras, proteínas magras e grãos integrais contribui para o funcionamento eficiente do órgão. Dormir bem ajuda a regular os hormônios ligados ao apetite e ao metabolismo da glicose, reduzindo o acúmulo de gordura hepática.
A prática regular de exercícios, com pelo menos 150 minutos de atividades aeróbicas por semana, complementa a proteção e melhora a saúde geral.
Apesar do grande apelo de dietas da moda e produtos “detox”, a médica Mayara Motta, de Campinas, alerta que essas práticas podem trazer riscos quando usadas de forma isolada ou exagerada.
“É fundamental ter cuidado com o uso excessivo ou exclusivo de certos alimentos em detrimento de outros, o que pode levar a deficiências nutricionais; com o uso de produtos naturais e suplementos sem indicação profissional, que podem ter contraindicações; e com a substituição de tratamentos médicos adequados por modismos ou soluções caseiras sem comprovação científica”, aconselha a clínica geral.
Exames e acompanhamento médico
Mesmo sem sintomas, é essencial incluir a avaliação do fígado nos check-ups de rotina. Exames de sangue e ultrassonografia ajudam a detectar alterações precoces. Pessoas com obesidade, diabetes, colesterol alto ou consumo frequente de álcool devem realizar o monitoramento com maior frequência.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!