Em julho deste ano, foi detectado o terceiro visitante interestelar atravessando o Sistema Solar. Denominado 3I/ATLAS, o objeto foi identificado como um cometa, assim como o “invasor” anterior, 2I/Borisov, observado em 2019. Eles foram precedidos do asteroide 1I/‘Oumuamua, o primeiro corpo celeste de origem externa a cruzar os nossos céus.
Atualmente, o 3I/ATLAS está a caminho do periélio, ponto mais próximo do Sol, que ele alcança na próxima quarta-feira (29). Enquanto isso, o cometa está passando atrás da estrela do ponto de vista da Terra, praticamente impossibilitando as observações a partir daqui.
Animação simula trajetória do cometa interestelar 3I/ATLAS pelo Sistema Solar. Crédito: TheSkyLive.com
O periélio é uma fase especialmente importante na órbita de um cometa, porque a intensa radiação solar pode provocar o aquecimento e a fragmentação do objeto, liberando poeira e gases que ajudam os astrônomos a entender melhor sua composição. Ou seja, o cometa pode se desintegrar, com sua “morte” deixando restos que podem ser úteis à ciência.
E foi exatamente isso que aconteceu com o Borisov, cometa interestelar antecessor, segundo a NASA.
Aumento de luminosidade do cometa Borisov era forte indício de fragmentação
Após estudarem dados do Telescópio Espacial Hubble, uma equipe de astrônomos concluiu que o 2I/Borisov se desintegrou ao passar perto do Sol, fragmentando seu núcleo. O fenômeno, embora fosse uma possibilidade considerada, frustrou cientistas que acompanhavam o objeto desde sua descoberta, ansiosos por entender sua estrutura e comportamento.
A desintegração aconteceu quando o calor solar começou a evaporar os compostos voláteis do cometa, alterando seu equilíbrio. Esse processo acelerou sua rotação até o ponto de ruptura, levando ao colapso do núcleo. Por isso, os astrônomos monitoraram o Borisov com atenção, tentando prever se resistiria ao Sol ou acabaria destruído.
Em dezembro de 2019, o cometa atingiu o periélio, e no início de março de 2020 os sinais de colapso começaram a aparecer. Ele ficou mais brilhante, indicando que o material interno estava sendo expelido em grandes quantidades. A equipe dos astrônomos Michal Drahus e Piotr Guzik foi a primeira a notar que o aumento de luminosidade era um forte indício de fragmentação.
Da esquerda para a direita, o cometa observado em 23, 28 e 30 de março de 2020. As cores são falsas para distinguir a área brilhante ao redor do núcleo do cometa (amarelo), da cabeleira (rosa) e da cauda (verde). A região nuclear parecia significativamente alongada em 30 de março, indicando fragmentação do núcleo. Crédito: Max Mutchler/STScI e Dave Jewitt/UCLA
No fim de março, o mistério foi confirmado. Novas imagens mostraram que o 2I/Borisov havia se dividido em dois fragmentos, separados por cerca de 180 quilômetros, e continuava se desintegrando gradualmente. O achado, liderado por David Jewitt, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), foi considerado um marco na observação de corpos interestelares.
Apesar da curta passagem do Borisov pelo Sistema Solar, sua fragmentação forneceu informações inéditas. As análises espectrais revelaram semelhanças químicas entre ele e cometas formados junto ao Sol, sugerindo que a formação de sistemas planetários pode seguir processos parecidos em diferentes regiões da galáxia.
Esses resultados mostraram como água e compostos orgânicos podem se espalhar entre estrelas, levando ingredientes da vida a novos mundos. Agora, o 3I/ATLAS pode repetir a história do Borisov – e revelar mais segredos sobre os viajantes interestelares.
O cometa 3I/ATLAS pode se fragmentar quando se aproximar do Sol, assim como aconteceu com o antecessor dele, Borisov, em 2019. Crédito: Imagem geraa por IA/ChatGPT
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Entre o início de outubro e meados de novembro, o cometa 3I/ATLAS está “escondido” no brilho do Sol, com quem terá um encontro próximo na quarta-feira. Durante esse período, é praticamente impossível para telescópios convencionais terem acesso ao visitante interestelar a partir da Terra.
No entanto, o astrônomo amador tailandês Worachate Boonplod, surpreendentemente, conseguiu detectá-lo. De acordo com a plataforma de climatologia e meteorologia espacial Spaceweather.com, ele identificou o cometa em imagens diárias captadas pelo coronógrafo CCOR-1, um instrumento instalado a bordo do satélite GOES-19, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), que fica na órbita terrestre.
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