Você guarda seus remédios do jeito certo? O erro comum que pode anular o efeito do tratamento

Organizar os remédios em potinhos, deixar alguns comprimidos separados na bolsa ou usar caixinhas semanais pode parecer prático, mas pode ser perigoso. Isso porque a embalagem faz parte da proteção do medicamento e é essencial para que o princípio ativo mantenha suas propriedades até o momento do consumo.

“O blister é a primeira barreira contra umidade, oxigênio e luz, fatores que afetam diretamente a eficácia do tratamento”, explica Giovanni Cameran, gerente técnico de embalagens farmacêuticas da ACG. Ele alerta que, ao retirar o comprimido da cartela antes da hora, o paciente pode estar comprometendo a ação do remédio sem perceber.

O que acontece quando o remédio é tirado da embalagem

Calor, luz e umidade são inimigos silenciosos dos medicamentos. Quando entram em contato com as substâncias ativas, podem provocar reações químicas que alteram a composição e reduzem o efeito terapêutico. É por isso que cada embalagem é desenvolvida com materiais específicos, levando em conta a sensibilidade da fórmula.

“Os blisters são projetados para isolar cada comprimido do ambiente externo, preservando sua integridade e facilitando o controle das doses. Quando a proteção é violada, o medicamento pode perder a eficácia antes mesmo da data de validade”, reforça Giovanni.

Entre os principais riscos de tirar o medicamento da embalagem original estão:

Redução ou perda do efeito terapêutico;


Alteração de cor, sabor ou consistência;


Oxidação e degradação da fórmula;


Dificuldade para verificar a validade;


Possível ingestão incorreta da dose.

Por que nem toda cartela é igual

Nem todos os medicamentos exigem o mesmo tipo de proteção, por isso, as cartelas variam conforme o material. As mais simples são feitas de PVC (policloreto de vinila), usadas em remédios estáveis, como analgésicos. Já aquelas com barreiras reforçadas (PVDC) oferecem resistência extra à umidade e ao oxigênio.

Os medicamentos mais sensíveis, como antibióticos ou biotecnológicos, são embalados em cartelas de alumínio, que bloqueiam totalmente a luz e os gases. “Cada estrutura é pensada para garantir que o produto chegue ao paciente com a mesma qualidade de quando foi fabricado”, explica Giovanni.

Para aprimorar o uso consciente e a escolha adequada das embalagens, a ACG desenvolveu o “Packing School”, programa de capacitação voltado a profissionais da indústria farmacêutica. A iniciativa ensina sobre as camadas de proteção e reforça a importância da embalagem como parte integrante da eficácia do medicamento.

O que pode e o que não pode fazer com medicamentos

Mesmo com a tecnologia empregada na fabricação das embalagens, o armazenamento incorreto pelo usuário pode comprometer o tratamento. Confira as orientações do especialista:

Cuidados com o armazenamento de medicamentos. Foto: FreePik

O que você pode fazer

Cortar a cartela, desde que cada comprimido permaneça lacrado;


Guardar os remédios em locais secos, ventilados e longe da luz;


Retirar apenas o comprimido que será consumido;


Armazenar o blister fora da caixa externa, desde que esteja intacto;


Separar doses diárias apenas se cada comprimido estiver protegido individualmente.

O que você não deve fazer

Deixar comprimidos soltos em potes, saquinhos ou organizadores;


Transferir o medicamento para outro frasco;


Armazenar o remédio no carro, banheiro ou perto de janelas;


Rasgar, perfurar ou amassar a cartela antes do uso;


Usar o medicamento sem checar o prazo de validade.

“Por trás de cada cartela existe engenharia, pesquisa e tecnologia voltadas à proteção da saúde. Cuidar da embalagem é cuidar da eficácia do tratamento”, conclui Giovanni.

Resumo: 

A embalagem do medicamento é uma extensão da fórmula, protege contra luz, calor e umidade, garantindo que o princípio ativo permaneça estável até o consumo. Segundo o especialista Giovanni Cameran, da ACG, retirar o comprimido da cartela antes da hora pode reduzir sua eficácia e alterar sua composição.

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