Em tempos de Halloween, pesquisadores descobriram uma habilidade de alguns morcegos que assusta qualquer um: eles podem brilhar no escuro sob a luz ultravioleta. Os testes foram feitos em animais presentes nos Estados Unidos. É a primeira vez que o fenômeno é identificado nesta parte do globo.
A descoberta foi liderada por especialistas da Universidade da Geórgia (UGA), nos Estados Unidos e os resultados foram publicados na revista científica Ecology & Evolution no final de julho.
Os cientistas analisaram 60 animais de seis espécies do Museu de História Natural da Geórgia. Entre eles estavam morcegos marrons grandes (Eptesicus fuscus), morcegos vermelhos orientais (Lasiurus borealis), morcegos seminoles (Lasiurus seminolus), morcegos-do-sudeste (Myotis austroriparius), morcegos-cinzentos (Myotis grisescens) e morcegos-de-cauda-livre-brasileiros (Tadarida brasiliensis).
Após serem expostos a radiação ultravioleta, todos os exemplares “respondiam” emitindo luz nas asas e membros posteriores em um tom esverdeado. No entanto, os pesquisadores ainda não sabem para o que serve a característica.
“Os morcegos têm ecologia social e sistemas sensoriais muito singulares, e as características que encontramos nessas espécies diferem de muitas outras observações em mamíferos noturnos. É possível que as funções de brilho sejam mais diversas do que pensávamos anteriormente”, afirma a autora principal do estudo, Briana Roberson, em comunicado.
De acordo com os autores, a cor e localização da luminosidade indica que trata-se de uma característica genética e não algo ligado ao habitat natural.
E o atributo não acontece apenas nos morcegos: estudos anteriores detectaram que alguns mamíferos, como os esquilos-de-bolso, também podem ficar iluminados em meio à escuridão.
Dúvidas sobre o brilho dos morcegos
As investigações ainda não determinaram se o atributo beneficia os morcegos ou seus predadores. O estudo identificou que a cor durante o brilho era mesma, independente de sexo e espécie, sugerindo que a característica não serve para reconhecimento. As análises também não apontaram para camuflagem ou atração de parceiros.
A principal hipótese é que os animais herdaram a luminosidade para se comunicar, já que conseguem ver os comprimentos de onda emitidos.
Imagens mostram morcegos expostos à luz ultravioleta e, posteriormente, brilhando em tom esverdeado
“Os dados sugerem que todas essas espécies de morcegos herdaram a habilidade de um ancestral comum. Elas não surgiram de forma independente. Pode ser um artefato agora, já que talvez o brilho tenha servido a uma função em algum lugar do passado evolutivo, e não serve mais”, revela um dos autores, Steven Castleberry, professor da UGA.
Novos estudos serão necessários para descobrir a real função do atributo luminoso. “Embora ainda não se saiba se a fotoluminescência pode servir a um propósito ecológico explícito, informações adicionais sobre as vantagens adaptativas que ela pode proporcionar podem ser valiosas para uma melhor compreensão do comportamento e da ecologia dos morcegos”, finaliza Briana.
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