Astrônomos estão prevendo um evento raro: o cometa interestelar 3I/ATLAS pode cruzar o caminho de duas missões espaciais ativas — a Europa Clipper, da Nasa, e a Hera, da Agência Espacial Europeia — entre o fim de outubro e o início de novembro de 2025.
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Se a previsão se confirmar, será a primeira vez que uma espaçonave humana poderá atravessar a cauda de um cometa vindo de fora do Sistema Solar. A descoberta foi publicada em nota pela Sociedade Astronômica Americana em 10 de outubro.
O 3I/ATLAS foi descoberto em 2019 e é apenas o terceiro cometa conhecido com origem interestelar, ou seja, ele não nasceu em torno do Sol, mas em outro sistema estelar. Esse tipo de objeto segue uma trajetória hiperbólica, passando rapidamente pelo nosso sistema antes de desaparecer novamente no espaço interestelar.
Simulações indicam que a cauda do 3I/ATLAS pode cruzar a rota de duas sondas espaciais em 2025
Por isso, oportunidades de estudá-lo de perto são extremamente limitadas — e a coincidência de sua rota com a de duas sondas ativas desperta grande interesse científico. Segundo os cálculos dos astrônomos, a Hera poderá passar pela cauda do cometa até 1º de novembro, enquanto a Europa Clipper pode cruzar a mesma região entre 30 de outubro e 6 de novembro.
A cauda iônica, formada quando partículas carregadas do vento solar interagem com o gás do cometa, pode se estender por milhões de quilômetros. Assim, mesmo sem uma colisão direta, as espaçonaves poderiam detectar sinais do encontro — como variações no campo magnético e no fluxo de íons no espaço.
O cometa interestelar 3I/ATLAS foi detectado em 2019 e segue uma trajetória com passagem pelo Sistema Solar
O interesse dos pesquisadores é entender como um cometa formado fora do Sistema Solar reage ao ambiente solar e se há diferenças químicas em relação aos cometas locais. Detectar íons ou partículas associadas ao 3I/ATLAS permitiria comparar sua composição e estrutura, ajudando a reconstruir a história química de outros sistemas planetários.
“Seria uma chance única de observar diretamente os efeitos do vento solar sobre um visitante interestelar”, destacam os autores do estudo.
Fenômeno pode permitir o primeiro registro direto de um cometa interestelar por espaçonaves humanas
Os cientistas, no entanto, ressaltam que essa previsão é baseada em modelos matemáticos e ainda há incertezas sobre a densidade e a extensão real da cauda. Além disso, as sondas não foram projetadas para estudar cometas, o que limita a precisão das medições.
Mesmo assim, eles sugerem que as equipes da Nasa e da ESA estejam preparadas para aproveitar a ocasião caso a interseção realmente ocorra.
Se confirmada, essa coincidência transformará uma simples passagem de um cometa interestelar em um momento histórico para a exploração espacial, oferecendo dados inéditos sobre como corpos vindos de outras estrelas se comportam ao interagir com o Sol.
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