Governo dos EUA vai gastar R$ 428 bilhões em reatores nucleares

O governo dos Estados Unidos fechou uma parceria estratégica no valor de US$ 80 bilhões (cerca de R$ 428 bilhões) para acelerar a implantação de reatores nucleares da Westinghouse não apenas nos EUA, mas também no exterior. O acordo assinado pelo Departamento de Comércio envolve as empresas Cameco e Brookfield Asset Management, que adquiriram a Westinghouse em 2022. 

Esse é o maior investimento realizado por Washington desde o retorno de Trump à Casa Branca. A parceria prevê que o governo americano providencie o financiamento e facilite as autorizações e aprovações para a construção das usinas, segundo um comunicado.

A energia gerada será incorporada à rede elétrica americana para abastecer data centers e impulsionar o crescimento da inteligência artificial nos EUA. 

“Nosso governo está focado em garantir o rápido desenvolvimento, implantação e uso de tecnologias nucleares avançadas. Juntamente com a Westinghouse, liberaremos a energia americana. Esta parceria incorpora a visão ousada do Presidente Trump – reconstruir nossa soberania energética, criar empregos bem remunerados e levar os Estados Unidos à vanguarda do renascimento nuclear”, afirmou Howard Lutnick, Secretário do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.

Projeto visa abastecer centros de dados e impulsionar o crescimento da IA nos EUA (Imagem: IR Stone/Shutterstock)

Sem prazos

O acordo está sujeito a aprovações regulatórias, mas a Westinghouse acredita que o lançamento de um programa de construção de usinas nucleares pelo governo vai acelerar o projeto. A partir daí, a empresa planeja iniciar a execução do projeto e iniciar pedidos de equipamentos críticos com “longos prazos de entrega”. Vale lembrar que a Cameco é uma das maiores ​​fornecedoras de serviços e componentes de urânio e combustível nuclear do mundo, o que deve facilitar o andamento das obras.

“O programa consolidará os Estados Unidos como uma das potências nucleares do mundo e aumentará as exportações da tecnologia de geração de energia nuclear da Westinghouse globalmente”, diz o comunicado, acrescentando que o governo “deverá ajudar a desbloquear, implementando suas ferramentas financeiras, regulatórias, políticas e diplomáticas para apoiar os objetivos da parceria”.

Cameco é uma das maiores ​​fornecedoras de componentes de urânio e combustível nuclear do mundo (Imagem: JohnInNorthYork/Shutterstock)

Além disso, a parceria deve fortalecer a cadeia de suprimentos da indústria nuclear iniciada com a construção das unidades 3 e 4 de Vogtle, na Geórgia. O Departamento de Energia emprestou US$ 12 bilhões (cerca de R$ 64 bilhões) para apoiar as obras do que chama de “a próxima geração de reatores nucleares avançados do país”, na usina Alvin W. Vogtle Electric, em Waynesboro. Espera-se que as unidades 3 e 4 de Vogtle gerem 17.200.000 megawatts-hora de energia limpa.

“Esta parceria histórica com a principal empresa nuclear dos Estados Unidos ajudará a concretizar a grande visão do presidente Trump de energizar totalmente os Estados Unidos e vencer a corrida global da IA. O Presidente Trump prometeu um renascimento da energia nuclear e agora está cumprindo”, disse Chris Wright, Secretário do Departamento de Energia dos Estados Unidos.

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Expertise

A tecnologia da Westinghouse serve de base para mais da metade da frota de energia nuclear em operação no mundo, segundo a empresa. Nos EUA, a expertise da companhia, fundada há mais de 130 anos, tem sido aplicada em reatores desde a década de 1950. Com o novo programa, a empresa prevê a geração de 100.000 empregos na construção civil em todo o país.

Tecnologia da Westinghouse tem sido aplicada em reatores desde a década de 1950 (Imagem: T. Schneider/Shutterstock)

O reator AP1000 é o reator mais avançado disponível comercialmente, com sistemas de segurança totalmente passivos, projeto de construção modular e a menor pegada por MWe do mercado. Atualmente, existem seis reatores AP1000 no mundo, com 14 adicionais em construção e mais cinco sob contrato. A tecnologia AP1000 foi selecionada para programas de energia nuclear na Polônia, Ucrânia e Bulgária.

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