O telescópio espacial James Webb, da Nasa, capturou a primeira imagem detalhada de uma possível “fábrica de luas” localizada a mais de 625 anos-luz de distância da Terra. O estudo com esses resultados foi publicado nesta quarta-feira (29/10) no The Astrophysical Journal Letters.
O disco, rico em carbono, circunda o exoplaneta CT Cha b. Embora nenhuma lua tenha sido detectada nos dados do telescópio, cientistas afirmam que a composição dele oferece informações raras sobre como luas e planetas se formam nos estágios iniciais da vida de um sistema solar.
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Observar a formação de planetas e luas é importante para entender como os sistemas planetários evoluem pela galáxia e o James Webb tem se mostrado uma ferramenta revolucionário para desvendar os mistérios do espaço.
“Podemos ver evidências do disco ao redor do exoplaneta e estudar a química pela primeira vez. Não estamos apenas testemunhando a formação da lua — também estamos testemunhando a formação deste planeta”, disse a coautora principal Sierra Grant, do Instituto Carnegie para a Ciência, em Washington.
“Estamos vendo qual material está se acumulando para construir o planeta e as luas”, acrescentou o principal autor do estudo, Gabriele Cugno, da Universidade de Zurique e membro do Centro Nacional de Competência em Pesquisa PlanetS.
Um passo para entender a formação dos planetas e luas
Nosso sistema solar abriga oito planetas principais e mais de 400 luas orbitam seis deles. A principal hipótese é que as maiores luas — como as quatro de Júpiter — se desenvolveram a partir de um disco de poeira e gás que circundava o planeta enquanto ele se formava. Esse processo teria ocorrido há mais de 4 bilhões de anos.
Para estudar o CT Cha b, o James Webb utilizou o Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) e um espectrógrafo de resolução média. Análises iniciais de dados arquivados do telescópio mostraram indícios de moléculas dentro do disco que circunda o planeta, motivando uma investigação mais detalhada.
Como o brilho tênue do planeta se perde no brilho de sua jovem estrela hospedeira, os pesquisadores aplicaram técnicas de imagem de alto contraste para separar a luz do planeta da emitida pelo astro.
Eles identificaram sete moléculas com carbono no disco, incluindo acetileno (C₂H₂) e benzeno (C₆H₆). Essa forte assinatura de carbono contrasta fortemente com a composição química do próprio disco da estrela, onde há água, mas ausência de carbono. Para os especialistas, as diferenças químicas entre os dois discos revelam a rapidez com que esses ambientes podem evoluir.
“Vimos moléculas na localização do planeta e, por isso, sabíamos que havia ali algo que valia a pena investigar e dedicar um ano a tentar desvendar os dados. Foi preciso muita perseverança”, disse Grant.
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