Cientistas detectam placas tectônicas se partindo no Oceano Pacífico

Pela primeira vez, pesquisadores registraram uma zona de subducção em processo de ruptura. O evento foi detectado na fragmentação da placa Juan de Fuca, localizada em Cascadia, região localizada entre o Canadá e os Estados Unidos. A pesquisa foi publicada na revista científica Science Advances no final de setembro.

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Zonas de subducção são regiões onde duas placas tectônicas colidem e uma delas “mergulha” para baixo da outra, afundando no manto terrestre. O processo é responsável por movimentar continentes, causar terremotos e erupções vulcânicas, além de reciclar a crosta da Terra.

A descoberta ajuda a elucidar como a superfície terrestre muda ao longo do tempo e gera mais dados sobre o risco de potenciais terremotos no noroeste do Pacífico.

No entanto, as zonas não são permanentes. Caso nunca parassem de “funcionar”, os continentes poderiam colidir e se fundir, apagar oceanos e boa parte da história geológica do globo. O mais curioso é que ninguém sabe ao certo como o sistema chega ao fim.

“Iniciar uma zona de subducção é como tentar empurrar um trem ladeira acima — exige um esforço enorme. Mas, uma vez em movimento, é como se o trem estivesse descendo a toda velocidade, impossível de parar. Para acabar com isso, é preciso algo drástico — basicamente, um acidente de trem”, explica o autor principal do estudo, Brandon Shuck, geólogo da Universidade Estadual da Louisiana (EUA), em comunicado.

Placas tectônicas em pedaços

Em busca de respostas sobre o funcionamento das zonas de subducção, o foco dos pesquisadores foi a região de Cascadia. No local, as placas de Juan de Fuca e Explorer deslizam lentamente sob a placa norte-americana, localizada no Oceano Pacífico.

Durante a investigação, foram utilizadas imagens de reflexão sísmica combinadas com registros detalhados de terremotos. Ondas sonoras do fundo do mar foram capturadas com linha de sensores subaquáticos. Todos os dados revelaram que ambas placas oceânicas estão se fragmentando aos poucos.

“Esta é a primeira vez que temos uma imagem clara de uma zona de subducção flagrada em pleno processo de decadência. Em vez de se extinguir completamente de uma vez, a placa está se fragmentando aos poucos, criando microplacas menores e novas fronteiras. Então, em vez de um grande desastre, é como assistir a um trem descarrilar lentamente, um vagão de cada vez”, exemplifica Shuck.

Apesar de surpreendente, o fenômeno não impacta de imediato risco de terremotos, porém ajuda a entender melhor como as zonas de subducção funcionam e quando encerram suas atividades.

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