Chimpanzés (Pan troglodytes) conseguem mudar de opinião quando são apresentados a fatos que vão contra suas crenças. É o que afirma uma pesquisa realizada por cientistas internacionais. A atitude indica que o pensamento racional não é uma característica apenas de humanos.
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Os animais foram expostos a experimentos com diferentes tipos de evidência e foram capazes de mudar de opinião ao encontrar uma resposta mais forte. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Science nessa quinta-feira (30/10).
“Temos evidências que nos permitem afirmar que a racionalidade em sua forma fundamental não é exclusivamente humana — também compartilhamos alguns processos básicos dela com os chimpanzés”, afirma a autora principal do artigo, Hanna Schleihauf, em entrevista ao portal Science Alert.
Testes com os chimpanzés
Para detectar a capacidade racional, foram realizados cinco experimentos com chimpanzés do Santuário dos Chimpanzés da Ilha de Ngamba, em Uganda. Os testes consistiam em esconder um pedaço de maçã em uma caixa para os animais encontrassem seguindo as pistas apresentadas pelos pesquisadores. As dicas eram classificadas como fortes ou fracas.
Nos dois primeiros testes haviam duas caixas: uma com evidência forte e outra com fraca. Quando a evidência forte era apresentada antes, os chimpanzés tendiam a manter a escolha original. Já quando a evidência mais fraca vinha primeiro, eles geralmente trocavam de opção.
No terceiro teste, uma terceira caixa sem nenhuma evidência foi adicionada, enquanto o compartimento com pistas fortes foi retirado. A maioria escolheu a caixa com evidências fracas ao invés da outra.
No quarto, foram colocadas duas caixas com evidências fracas, mas uma tinha pistas redundantes. Os pesquisadores chacoalharam uma delas por duas vezes, repetindo o estímulo, e, na outra, os primatas escutaram o som de outro pedaço de comida sendo posto no compartimento. A maioria escolheu a caixa que apresentava mais evidências, indicando que os chimpanzés percebem a diferença entre informações velhas e novas.
No momento do último teste, os animais viram os pesquisadores colocando uma caixa com pedras ao invés de maçã. Grande parte percebeu a evidência falsa e escolheu o objeto com pistas mais confiáveis.
De acordo com os pesquisadores, os resultados mostram que a inteligência dos primatas pode ser semelhante à humana em alguns aspectos. “Os animais não agem puramente por instinto, e seu comportamento segue um padrão específico, além de se basearem em evidências do mundo. Ainda existem grandes diferenças entre nós, mas também mais semelhanças do que imaginávamos”, finaliza Hanna.
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