Pesquisadores da Universidade de Franca (Unifran) identificaram uma nova espécie de flebotomíneo, inseto conhecido popularmente como mosquito-palha e principal vetor da leishmaniose. A descoberta ocorreu na Gruta do Itambé, ponto turístico de Altinópolis, no interior de São Paulo.
A espécie foi batizada como Lutzomyia itambé, em referência ao local onde foi encontrada, e já teve sua descrição publicada em revista científica. Embora ainda não esteja comprovado se o inseto atua como transmissor da doença, ele pertence ao mesmo gênero da Lutzomyia longipalpis, reconhecida por disseminar a leishmaniose visceral.
A identificação acende um alerta para a vigilância epidemiológica. Segundo os pesquisadores, o achado amplia o conhecimento sobre a diversidade desses insetos no Brasil e reforça a importância do monitoramento contínuo, especialmente em áreas turísticas e rurais.
Estudo pela região
O levantamento não se limitou a Altinópolis. Entre 2021 e 2023, a equipe da Unifran mapeou a presença de mosquitos vetores em outras cidades da região da Serra da Canastra, como Franca, Rifaina, Pedregulho e Delfinópolis, em Minas Gerais.
Em todas elas foram encontrados insetos transmissores das formas visceral e tegumentar da leishmaniose, o que representa o primeiro registro oficial desses vetores em alguns desses municípios.
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O trabalho teve início após notificações de cães infectados em Franca. Para os pesquisadores, os resultados confirmam que os mosquitos já estavam circulando na região e não vinham de outros locais, o que exige atenção das autoridades de saúde e da população.
O que é a leishmaniose?
A leishmaniose é uma zoonose que afeta humanos e animais e é transmitida pela picada do mosquito-palha infectado.
A forma visceral é a mais grave e pode ser fatal, enquanto a tegumentar compromete pele e mucosas, podendo deixar sequelas permanentes.
Estima-se que a doença cause mais de 50 mil mortes por ano em todo o mundo.
Nos cães, que funcionam como reservatórios próximos ao ser humano, não há cura definitiva.
As vacinas disponíveis foram retiradas do mercado por falta de comprovação de eficácia, o que torna essenciais as medidas preventivas, como o uso de coleiras repelentes e o controle ambiental.
Alerta para áreas turísticas
Após a descoberta da Lutzomyia itambé, autoridades locais intensificaram ações educativas. Em Altinópolis, foram realizadas palestras com moradores e visitantes, além da distribuição de materiais informativos na entrada da gruta. Os pesquisadores destacam que, uma vez instalados, os vetores passam a fazer parte do ecossistema local.
Durante o verão, período de calor e umidade elevada, a população desses insetos tende a aumentar, elevando o risco de transmissão. Por isso, recomenda-se o uso de repelentes, roupas compridas e calçados fechados em áreas de mata, além de cuidados com os animais de estimação.
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