Os tubarões brancos (Carcharodon carcharias) são considerados os grandes predadores dos oceanos. No entanto, um grupo de Orcas (Orcinus orca) do Golfo da Califórnia, no México, tem tirado o “sono” dos grandes peixes de lá, ao caçá-los utilizando uma estratégia curiosa.
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A caça de orcas a tubarões brancos já havia sido registrada na África do Sul. No entanto, pela primeira vez, o comportamento foi identificado na costa do México. Os registros realizados por cientistas mexicanos e norte-americanos foram publicados na revista científica Frontiers in Marine Science neste domingo (2/11).
Para se alimentar dos grandes peixes, as baleias utilizam uma estratégia simples, eficaz e coordenada: todo o grupo se aproxima do tubarão e trabalha em conjunto para virá-lo e extrair fígado e outros órgãos antes de abandonar a carcaça.
A virada dos tubarões tem motivo: quando ficam nessa posição, eles ficam moles e indefesos, um comportamento chamado de imobilidade tônica. Atitudes semelhantes também são vistas em outras espécies, como em gambás, que se fingem de mortos para escapar de predadores. Ainda não se sabe por que os grandes peixes fazem isso, mas as baleias mexicanas já perceberam a “fragilidade”.
“Esse comportamento é uma prova da inteligência avançada, do pensamento estratégico e da sofisticada aprendizagem social das orcas, já que as técnicas de caça são transmitidas de geração em geração dentro de seus grupos”, destaca o autor principal do estudo, Erick Higuera Rivas, em comunicado.
Além da virada de barriga, orcas têm outra estratégia
O grupo estudado pelos pesquisadores é comandado pela orca macho batizada de Moctezuma. As caçadas das baleias foram registradas através de câmeras de drones e subaquáticas. Além de aproveitar a vulnerabilidade dos tubarões virados, as caçadoras geralmente atacam os mais jovens, visando minimizar riscos de contra-ataque ou perda da presa.
“Os tubarões brancos adultos reagem rapidamente à caça das orcas, evacuando completamente suas áreas de concentração sazonais e não retornando por meses. Mas esses tubarões juvenis podem ser ingênuos em relação às orcas. Ainda não sabemos se as reações de fuga dos tubarões brancos contra predadores são instintivas ou precisam ser aprendidas”, explica o coautor do artigo, Salvador Jorgensen, da Universidade Estadual da Califórnia, nos Estados Unidos.
O primeiro registro da caçada ocorreu em agosto de 2020 e o segundo em agosto de 2022, indicando que as caças seguem um padrão de sazonalidade, visto que essa é a época do nascimento de filhotes de tubarões no golfo mexicano.
Imagens mostram orcas atacando tubarão branco
Após a descoberta, os cientistas sugerem mais estudos para saber se ataques de orcas no local são regulares e qual frequência deles.
“Gerar informações sobre o comportamento alimentar extraordinário das orcas nesta região nos levará a compreender onde estão seus principais habitats críticos, para que possamos criar áreas protegidas e aplicar planos de gestão para mitigar o impacto humano”, finaliza a coautora, Francesca Pancaldi, do Centro Interdisciplinar de Ciências Marinhas do México.
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