Nápoles ganha nova estação de metrô assinada por Anish Kapoor

O sistema de metrô de Nápoles acaba de ganhar mais uma estação que transforma o deslocamento cotidiano em obra de arte. A Monte Sant’Angelo, inaugurada em setembro, é uma criação do artista Anish Kapoor – o mesmo por trás da Cloud Gate, em Chicago – e reforça a tradição napolitana de unir arte, arquitetura e transporte em um mesmo local.

Situada entre o bairro de Rione Traiano e o campus da Universidade Federico II, a nova estação inaugura o primeiro trecho da linha 7 do metrô, que deve ganhar novas paradas em 2027 e 2029, ligando bairros residenciais e universitários. Mas mais do que uma simples infraestrutura, ela foi concebida como uma escultura habitável de um “corpo” subterrâneo que convida o passageiro a mergulhar nas entranhas da cidade.

A estação levou mais de vinte anos para ficar pronta – uma jornada iniciada em 2003 e marcada por uma longa espera, somando atrasos administrativos e a burocracia típica de grandes obras públicas. A construção ficou a cargo da italiana Webuild, responsável também por outras “estações de arte” napolitanas, como Toledo e Dante.

Portais subterrâneos

A Monte Sant’Angelo possui dois acessos, que funcionam como portais. O primeiro, no campus universitário, é o mais monumental, com uma estrutura de aço de 19 metros de altura, que parece emergir do solo como uma boca prestes a engolir as escadas rolantes e as pessoas.

A entrada da Monte Sant’Angelo faz o passageiro se sentir parte da obra de Anish KapoorAnish Kapoor/Reprodução

O segundo acesso, em Rione Traiano, repete a ideia em escala menor, com 11 metros, formas tubulares e um aço acinzentado liso.

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As formas tubulares e o aço liso refletem a luz do bairro e integram a arte ao cotidianoAnish Kapoor/Reprodução

Kapoor, que trabalha há décadas com o tema da inversão – o dentro virando fora, o cheio transformando-se em vazio – cria nos acessos uma metáfora de descida ao submundo, inspirada na lenda da Sibila de Cumas narrada na Eneida.

O simples ato de entrar no metrô se transforma numa travessia simbólica entre superfície e subterrâneoAnish Kapoor/Reprodução

Lá embaixo, o ambiente foi mantido propositalmente bruto. As paredes são revestidas de concreto, com uma textura irregular que reforça a sensação de estar em uma caverna contemporânea – ou nas vísceras do vulcão Vesúvio. Escadas rolantes e elevadores diagonais conectam os níveis.

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A arquitetura revela uma beleza silenciosa, com concreto de textura irregularAnish Kapoor/Reprodução

A arte como parte da cidade

Com a Monte Sant’Angelo, Nápoles amplia o projeto das “Stazioni dell’Arte”, uma rede de estações concebidas como galerias subterrâneas. Criada nos anos 1990, a iniciativa transformou o metrô local em um dos sistemas mais artísticos do mundo, reunindo mais de 250 obras de artistas e arquitetos internacionais – entre eles Álvaro Siza, Dominique Perrault, Karim Rashid e Gae Aulenti.

Cada parada é diferente uma da outra, com o cotidiano se misturando à contemplação. Nenhum exemplo traduz isso melhor do que a estação Toledo, projetada pelo arquiteto espanhol Óscar Tusquets e inaugurada em 2012. Eleita diversas vezes como a mais bela do mundo, ela é uma espécie de viagem pelo tempo geológico e marinho da cidade.

A estação Toledo chama atenção pelos azulejos azuis e ocres que lembram o mar e o solo vulcânico de Nápoles. Lá dentro, obras de William Kentridge retratam o cotidiano da cidade, enquanto as cores das paredes se transformam em tons de azul cada vez mais profundos. Nos pontos mais baixo, um grande cone – o Crater de Luz – deixa a claridade natural atravessar quase cinquenta metros até as plataformas, criando a sensação de estar submerso.

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A descida ao metrô se transforma numa viagem marinha na estação ToledoZaiar95/Wikimedia Commons

Os painéis luminosos criados pelo artista Robert Wilson reforçam essa atmosfera, transformando túneis e corredores em passagens cintilantes. E, entre tanta arte, há também história, com um trecho preservado da antiga via Neapolis, onde hoje os passageiros podem caminhar sobre as mesmas pedras que os romanos pisavam há mais de dois mil anos.

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