Superlua tem companhia especial no céu

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, nesta quarta-feira (5), a Lua entra na fase cheia – e o visual tende a ser ainda mais espetacular do que de costume. Isso porque esta será uma “Superlua”, a segunda de 2025 (saiba tudo sobre a primeira aqui) e a maior do ano.

E ela surge no céu muito bem acompanhada: coladinha em um aglomerado estelar aberto chamado Plêiades, também conhecido como Messier 45 (M45) ou “As sete irmãs”.

Superlua fotografada em outubro na cidade de Bartow, Florida, EUA. Crédito: Chade Barron/Reprodução X

De acordo com o guia de observação astronômica In-The-Sky.org, a aproximação máxima será na quinta-feira (6), às 12h51 (pelo horário de Brasília). Mas, na noite anterior, quando ocorre a Superlua, elas já aparecem bem pertinho logo após o anoitecer, pouco acima do horizonte a nordeste. O par atinge o ponto mais alto no céu por volta das 0h50, a 42º acima do horizonte na direção norte, desaparecendo de vista em torno das 4h40, sobre o horizonte noroeste.

A Lua estará com magnitude -12.8, e a de M45 será 1.3, com ambas localizadas na constelação de Touro. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é esse valor (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o corpo mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.

Elas não estarão próximas o suficiente para caber no campo de visão de um telescópio, mas serão visíveis a olho nu ou através de um par de binóculos.

Sobre o aglomerado estelar das Plêiades:

Trata-se do objeto Messier mais próximo do nosso planeta e um dos mais proeminentes do céu profundo, com magnitude de 1,6;

Objetos Messier são regiões do céu profundo inventariadas pelo astrônomo francês Charles Messier no Catálogo de Nebulosas e Aglomerados Estelares, publicado originalmente em 1771, com a última edição realizada em 1966;

M45 é vista como uma mancha azulada próximo ao “ombro” da constelação de Touro;

Para um observador a olho nu, geralmente as Plêiades aparecem como uma cópia menor da Ursa Maior cercadas por uma nuvem de poeira – um padrão azulado de seis estrelas em destaque (embora haja uma quantidade maior, com mais de 100 estrelas visíveis com telescópio comum entre mais de mil estimadas).

Não, você não leu errado: seis estrelas em destaque. Mas, então, por que são chamadas de “As Sete Irmãs”? Você vai saber mais adiante onde está a sétima estrela principal. 

Aglomerado estelar M45 (Plêiades), que é visto como uma mancha azulada próximo ao “ombro” da constelação de Touro. Crédito: Davide De Martin/ESA/ESO/NASA

Onde está a sétima estrela?

Se o aglomerado é visto como um padrão de seis estrelas, por que então ele é chamado de “As Sete Irmãs”? 

De acordo com o guia de astronomia Starwalk Space, a razão é que a aparência do céu era diferente nos tempos antigos, quando o nome foi criado. Naquela época, observadores conseguiam ver instantaneamente e a olho nu as sete estrelas principais.

Com o tempo, uma delas desapareceu da vista. A mudança foi causada por Pleione, uma estrela de brilho variável, que mudou de posição no céu com o passar dos séculos. Ela acabou chegando perto demais de Atlas, e ambas são vistas a olho nu como uma só estrela.

Representação artística da Lua se aproximando das Plêiades. Créditos: Alexandru Canpan – Shutterstock. Montagem: Olhar Digital

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Na ocasião, o satélite aparecerá 7,9% maior e 16% mais brilhante do que uma Lua Cheia típica, de acordo com o guia de observação. Mas, por quê?

A explicação está na forma da órbita lunar. A Lua não gira ao redor da Terra em um círculo perfeito, mas sim em uma trajetória elíptica. Isso faz com que, em certos momentos, ela esteja mais próxima do planeta (no chamado perigeu) e, em outros, mais distante (no apogeu). 

A Superlua acontece quando a fase cheia começa exatamente no perigeu, ou muito perto dele – que, neste mês, será atingido apenas nove horas depois, de acordo com a plataforma de observação astronômica InTheSky.org.

Em média, a distância entre a Terra e a Lua no perigeu é de cerca de 356 mil quilômetros, enquanto no apogeu pode chegar a mais de 406 mil quilômetros. Essa diferença, de aproximadamente 50 mil km, é suficiente para causar o efeito visual que tanto encanta os observadores, embora a olho nu nem sempre seja fácil perceber essa variação.

“Mas, sem saber o quão perto o satélite precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela Lua cheia é uma Superlua”, afirma o colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).

Superlua fotografada atrás do Templo de Poseidon, em Sunião, na Grécia, em agosto de 2024. Crédito: Alexandros Maragos via APOD NASA

Zurita explica que até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com ele vir da astrologia. “Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda ‘torce o nariz’ para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para ‘vender’ a Lua Cheia no perigeu, que, na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico”.

Segundo a NASA, como a Lua está em sua maior aproximação da Terra, ela pode causar marés mais altas do que o normal – mas isso tem relação com o perigeu, e não com a fase cheia.

Para a melhor experiência, tente observar a Superlua ao entardecer, quando ela está próxima ao horizonte, momento em que parece ainda maior e assume um belo tom alaranjado devido à refração atmosférica.

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