O Telescópio Espacial James Webb (JWST) detectou um buraco negro supermassivo com massa equivalente a 100 milhões de sóis, existente há aproximadamente 10 bilhões de anos. A descoberta, realizada por uma equipa do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália (INAF), revela novos detalhes sobre o crescimento destes objetos durante o “meio-dia cósmico”, período de intensa formação estelar que ocorreu cerca de 4 bilhões de anos após o Big Bang.
O objeto, designado “BiRD” (Big Red Dot), foi identificado através de imagens e espectros do instrumento NIRCam do JWST, na região do quasar J1030+0524, a 12,5 mil milhões de anos-luz da Terra. “Notámos o BiRD: um objeto brilhante, pontual, que não era uma estrela e não constava nos catálogos existentes”, explicou Federica Loiacono, investigadora do INAF e líder do estudo, em comunicado.
O que é BiRD?
A análise espectral revelou assinaturas claras de hidrogênio ionizado e hélio, permitindo estimar tanto a distância do objeto como a massa do buraco negro central. O BiRD integra a classe dos “pequenos pontos vermelhos” – objetos compactos detectados pelo JWST no Iniverso primordial, cuja natureza tem sido alvo de debate científico.
“Comparando as propriedades espectrais do BiRD com outros dois objetos semelhantes, encontramos fortes semelhanças”, acrescentou Loiacono. “As larguras das linhas, a absorção, a massa do buraco negro e a densidade do gás são muito semelhantes.”
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Descoberta desafia a evolução dos buracos negros
A descoberta desafia teorias anteriores que previam o declínio destes objetos durante o meio-dia cósmico. Os investigadores calcularam que os “pequenos pontos vermelhos” permaneciam numerosos nessa época, sugerindo que os buracos negros supermassivos podem ter crescido mais rapidamente do que se supunha.
Uma explicação proposta para a fraca emissão de raios-x destes objetos é que eles estariam envoltos em espessas camadas de gás e poeira, que absorvem radiação de alta energia enquanto permitem a passagem de luz infravermelha.
A equipe planeja estender o estudo a mais objetos desta classe, utilizando a capacidade do JWST para investigar detalhadamente o Universo primordial. “O JWST abriu uma nova fronteira na astrofísica extragaláctica, revelando objetos cuja existência nem sequer suspeitávamos”, concluiu Loiacono.
A pesquisa foi publicada a 30 de outubro na revista Astronomy & Astrophysics, marcando mais um avanço na compreensão da formação e evolução de buracos negros supermassivos
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