Os olhares do mundo todo estão voltados para Belém, no Pará. A cidade brasileira é sede da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, que irá debater soluções para a crise climática.
A expectativa é grande. Para Carlos Nobre, um dos mais respeitados cientistas climáticos do mundo, esta terá de ser a mais importante de todas as edições do evento em termos de avanços em ações efetivas para combater as mudanças climáticas.
Estamos cada vez mais perto de uma tragédia climática
Em entrevista à Agência FAPESP, o pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e copresidente do Painel Científico para a Amazônia, destacou a necessidade de todos fazerem sua parte.
Para ele, os países precisam reduzir suas emissões de gases de efeito estufa a fim de mitigar os riscos de um aumento do aquecimento global acima de 2°C até 2050.
O cientista explica que, se esse nível for atingido, a Amazônia deixaria de funcionar como floresta e passaria a emitir mais carbono do que absorve.
Isso criaria um círculo vicioso, alternando ainda mais o equilíbrio climático do nosso planeta.
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Confira a entrevista na íntegra:
Esforço precisa ser global
Carlos Nobre lembra que durante a COP26, realizada em Glasgow, na Escócia, todos os países concordaram em não deixar a temperatura passar de 1,5 °C. Para isso, era necessário reduzir 43% das emissões até 2030 e zerar o saldo de emissões líquidas até 2050. Uma meta que ainda está distante.
Portanto, na minha opinião, a COP30 tem que ser, assim como foi a COP21, com o Acordo de Paris, e depois a COP26, a COP mais importante. Todos os países, ainda que os Estados Unidos não estejam dentro, têm de acelerar demais a redução das emissões. É um enorme desafio. A China colocou pequenas metas de redução até 2035. Precisa acelerar demais. Hoje é o país que mais emite, junto com a Índia. Já os Estados Unidos têm de esperar que o próximo presidente mude essa política.
Carlos Nobre, cientista climático
O especialista ainda alerta para os riscos de superar os 2 °C de aquecimento. Segundo ele, podemos observar uma grande extinção dos recifes de corais e de inúmeras espécies oceânicas, mas também de animais que vivem nos continentes.
Nós vamos fazer com que descongele o solo congelado da Sibéria, norte do Canadá e norte do Alasca, o chamado permafrost, que congelou há milhões e milhões e milhões de anos e represou uma quantidade gigantesca de gás de efeito estufa, como o metano, que é 28 a 30 vezes mais poderoso para reter o calor em comparação com o gás carbônico. E já começou a descongelar. Até 2100, mais de 200 bilhões de toneladas desses gases do permafrost vão ser lançados na atmosfera. Nós vamos acelerar demais o derretimento do manto de gelo na Groenlândia. Isso vai aumentar muito o nível do mar e também de parte da Antártica Ocidental. Vamos praticamente derreter o gelo do mar Ártico e ali do oceano do lado da Antártica.
Carlos Nobre, cientista climático
Para evitar este cenário, ele afirma que todos os países têm que concordar em acelerar a redução das emissões. Além disso, é preciso incentivar o uso de energias renováveis, impulsionando a transição energética global.
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