Pouco antes do amanhecer de domingo (9), por volta das 4h (pelo horário de Brasília), foi registrada uma erupção solar de classe X1.8 – o tipo mais poderoso. O fenômeno ocorreu na mancha solar AR4274, uma região ativa próxima ao centro da face visível da estrela. A explosão provocou um apagão de rádio que afetou comunicações de alta frequência em todo o lado iluminado da Terra.
A erupção lançou uma ejeção de massa coronal (CME) em direção ao planeta, observada como um halo pelo coronógrafo LASCO C2. Esse instrumento fica a bordo do Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) – satélite da NASA em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA) – e bloqueia a luz direta do Sol para permitir a observação da coroa externa.
A região magneticamente complexa AR4274 produziu uma erupção de magnitude 1.8 em 9 de novembro e 2025, lançando um jato de material solar diretamente para a Terra, conforme indicado pelo efeito de halo (anel) da CME observado no coronógrafo LASCO C2 do SOHO. Isso também é consistente com a onda coronal ou EIT observada se movendo sobre a superfície solar. Crédito: SDO/NASA e JHelioviewer via EarthSky.org
De acordo com o guia de observação EarthSky.org, ao mesmo tempo, uma onda coronal se espalhou pela superfície do Sol, como um grande “tsunami” de energia magnética. No fim de semana, a região AR4274 também gerou várias erupções menores de classe C, indicando que a atividade solar naquele ponto estava muito intensa.
As ondas coronais (ondas solares extremas vistas em ultravioleta, ou EIT, na sigla em inglês), são grandes perturbações que se propagam pela atmosfera externa do Sol. Elas carregam energia magnética e partículas e podem desencadear ejeções de massa coronal ou intensificar tempestades geomagnéticas na Terra.
Pouco mais de 24 horas depois, a mesma região AR4274 entrou em erupção com uma poderosa chama X1.2, às 5h55 da manhã desta segunda-feira (10). Essa segunda explosão foi acompanhada por uma CME, cuja análise está em andamento para determinar um potencial de impacto na Terra.
A erupção solar X1.2 lançada da região ativa AR4274 pouco mais de 24 horas após a outra explosão do tipo X. O segundo evento também produziu uma CME direcionada à Terra, que ainda está sob análise. Crédito: SDO/NASA e JHelioviewer via EarthSky.org
Explosões solares provocam apagão de rádio na Terra
O apagão de rádio resultante do primeiro evento, que atingiu nível R3 (considerado forte na escala da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA – NOAA), interrompeu comunicações por mais de uma hora. Rotas aéreas sobre o Oceano Pacífico e operações de rádio marítimas no Oceano Índico foram especialmente afetadas.
A explosão desta manhã também provocou um apagão de rádio de intensidade R3, que interrompeu as comunicações de alta frequência principalmente nas operações marítimas e nas rotas aéreas sobre o sul da África por cerca de 30 minutos.
Especialistas alertam que esse tipo de evento pode gerar impactos em sistemas de navegação, satélites e transmissões de rádio.
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Além desses dois episódios, a mancha AR4274 produziu outras oito erupções de classe C, ao longo de 24 horas. Esses eventos menores, embora menos intensos, indicam uma alta atividade solar sustentada.
E não foi apenas essa mancha solar que explodiu. A AR4276 registrou uma erupção de classe M6.3, enquanto a AR4277 produziu três eventos de classe C. Para completar, uma erupção adicional de classe M4.0 teve origem em uma região ainda não identificada. No total, foram observadas 15 erupções solares desde sábado (8).
Enquanto isso, o campo magnético da Terra mostrou sinais de instabilidade, elevando o risco de tempestades geomagnéticas. Nos próximos dias, os especialistas seguem monitorando a região AR4274, que permanece próxima ao centro do Sol e ainda pode desencadear novas CMEs.
Sol tem cinco regiões propensas a explodir em direção à Terra
A face solar voltada para a Terra apresentava cinco regiões ativas numeradas:
AR4274, que se manteve como a maior e mais complexa, com configuração magnética beta-gama-delta;
AR4276, de configuração beta-gama, que mostrou crescimento leve e intensificação da atividade;
AR4277 (beta), que registrou atividade moderada, produzindo três flares de classe C;
AR4278 (beta), que permaneceu menor e simples, com poucos eventos de classe C.
As demais regiões tiveram pouca ou nenhuma atividade, com campos magnéticos estáveis e sem produção significativa de erupções solares. O monitoramento contínuo dessas regiões é fundamental para prever novos fenômenos e proteger sistemas sensíveis na Terra.
Imagem mostra a atividade solar – com as regiões mais ativas rotuladas – à meia-noite do dia 10 de novembro de 2025, vista do Observatório Solar de Learmonth, na Austrália. Crédito: Programa Sinóptico Integrado do Observatório Solar Nacional (NSO), operado pela Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia (AURA) via EarthSky.org
Fenômenos de classe X não acontecem com frequência, mas podem causar impactos significativos em satélites, comunicações e redes elétricas. A observação constante do Sol permite que cientistas antecipem possíveis distúrbios geomagnéticos na Terra. Para o público em geral, esses eventos costumam ser bem interessantes, ao provocar auroras intensas visíveis em regiões mais ao norte (boreais) ou ao sul (austrais) do globo.
Vamos entender:
O Sol tem um ciclo de 11 anos de atividade;
Ele está atualmente no que os astrônomos chamam de Ciclo Solar 25;
Esse número se refere aos ciclos que foram acompanhados de perto pelos cientistas;
No auge dos ciclos solares, o astro tem uma série de manchas na superfície, que representam concentrações de energia;
À medida que as linhas magnéticas se emaranham nas manchas solares, elas podem “estalar” e gerar rajadas de vento;
De acordo com a NASA, essas rajadas são explosões massivas do Sol que disparam partículas carregadas de radiação para fora da estrela em jatos de plasma (também chamados de “ejeção de massa coronal” – CME);
As explosões são classificadas em um sistema de letras – A, B, C, M e X – com base na intensidade dos raios-X que elas liberam, com cada nível tendo 10 vezes a intensidade do anterior;
A classe X denota os clarões de maior intensidade, enquanto o número fornece mais informações sobre sua força;
Um X2 é duas vezes mais forte que um X1, um X3 é três vezes mais forte, e, assim, sucessivamente;
Como o Sol dá uma volta em seu próprio eixo a cada 27 dias, as manchas solares desaparecem de vista por determinado período, voltando em seguida a ser visíveis para a Terra.
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